violência contra crianças no Brasil é um problema crônico que, apesar de recorrente, ainda não recebe a resposta enérgica que merece por parte das autoridades. Episódios como o de Apucarana, em que uma criança de 10 anos foi brutalmente atacada pelo próprio padrasto, revelam o fracasso de um sistema que falha tanto na prevenção quanto na punição de crimes hediondos contra os mais vulneráveis.
Um homem de 40 anos foi preso na noite desta terça-feira (08) após tentar estuprar e depois esfaquear a enteada de 10 anos em Apucarana (PR), segundo a Polícia Militar (PM). O crime foi registrado no Jardim Iguatemi, na região do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR). Segundo a Polícia Militar, o homem foi localizado na Rua Otávio Rech, no Jardim Catuaí.
Ele foi preso em flagrante e levado para a 17ª Subdivisão Policial (SDP), em Apucarana . O autor do crime estaria embriagado, segundo a PM. Ele fugiu do local após o crime, mas foi localizado após denúncias anônimas. A criança foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital da Providência.
O crime foi registrado por volta das 20 horas. A PM foi acionada pelo Samu, que prestava os primeiros socorros.
A mãe da criança informou à PM que o autor do crime estava deitado no sofá e que a criança teria avisado a mãe pelo celular de que o homem não teria ido ao trabalho. Ela orientou a menina a ir até a casa da avó, quando o suspeito arrastou a menina até o quarto e tentou violentá-la. A menina resistiu, segundo a PM, e ele então a esfaqueou na região do pescoço, abdômen, nos braços e nas mãos.
Mesmo ferida, a menina conseguiu ligar para a mãe para pedir socorro. O Conselho Tutelar foi informado do fato e compareceu ao hospital. O médico de plantão declarou que a vítima estaria no centro cirúrgico e que o quadro era estável, segundo a PM.
Penas mais duras
O impacto pedagógico de discutir abertamente casos assim é inegável. Precisamos educar a sociedade sobre a gravidade da violência infantil, não só como um fenômeno isolado, mas como uma questão estrutural que exige uma postura firme de todos: legisladores, educadores, profissionais de saúde, assistentes sociais, e claro, os pais e responsáveis. A conscientização e a disseminação de informações são fundamentais para que mais pessoas possam reconhecer sinais de abuso e agir com rapidez.
Além disso, esse debate tem potencial para mudar mentalidades em relação ao endurecimento das penas. A legislação brasileira, apesar de avanços como a Lei Menino Bernardo (Lei da Palmada) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ainda carece de mecanismos mais severos para punir crimes bárbaros contra crianças. Isso se reflete não só na aplicação de penas, mas também na prevenção e na assistência às vítimas, que muitas vezes são revitimizadas pelo próprio sistema.
Casos como o de Apucarana revelam a urgência de reforçarmos as políticas públicas de proteção infantil e investirmos em redes de apoio, como o Conselho Tutelar e os serviços de saúde e educação, para que eles possam agir de maneira preventiva e eficiente. Mais que isso, a aplicação da lei deve ser exemplar: a privação de liberdade para quem comete crimes dessa natureza não é apenas necessária, é uma questão de justiça e proteção social.
O papel pedagógico desse debate é, portanto, múltiplo. Ele busca conscientizar a sociedade sobre a gravidade dos atos de violência infantil, exigir das autoridades uma postura mais rígida e lembrar que a responsabilidade de proteger as crianças é coletiva. Isso implica transformar nossa indignação em ação concreta e lutar por mudanças que garantam um futuro seguro para as nossas crianças.
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