Antigamente era comum sair para rua de casa, encontrar os amigos e combinar algum tipo de jogo conhecido como pira. Havia o pira-pega, pira-esconde, pira-alta, enfim, competições que requeria estratégia, força e habilidade. Hoje em dia, por inúmeros fatores sociais, a juventude parece que não curte muito esse corpo-a-corpo para brincar, pois a popularização dos jogos online dá a comodidade de se relacionarem sem que seja preciso estar na rua para isso.
Free Fire é o sucesso do momento. É um jogo que consiste em se manter vivo numa ilha com um gás tóxico que vai afunilando e fazendo com que os competidores tenham uma arena cada vez menor para batalhar. Vence o jogador, a dupla ou o grupo de 4 que sobreviver por último ao gás e aos outros competidores. Tudo online e direto de qualquer aparelho simples de celular.
Se no pira-pega havia aquelas pessoas mais conservadoras, que preferiam ficar bem longe da “mãe”, com medo de serem tocadas. No Free Fire há quem não elimina ninguém, mas também não é eliminado. É o jogador que prefere ficar escondido até que sobre poucos jogadores para que ele tente a sorte da vitória. Se antes esse era chamado de medroso, agora parece que é nomeado de noob ou Zé Esconderijo.
Também havia aqueles mais ousados, que gostavam do perigo e da zoação. Chegavam perto da mãe, zombavam, desdenhavam e com sagacidade nunca eram pegos. Hoje, no jogo, é o jogador que sai pra caçada, que não conta história e tenta de qualquer maneira eliminar o maior número de oponentes sem muita preocupação com a exposição.
Fui tentar jogar e, lógico, fui o Zé Esconderijo, contrariando o que fui nos meus tempos de pira-pega. É que antigamente eu me destacava na corrida por conta da minha canela de girafa. No joguinho não tem dessa, a habilidade tem que ser executada na ponta dos dedos, tendo que enxergar coisas minúsculas na tela do aparelho e saber toda uma linguagem que não estou inserido.
Durante o jogo é bacana que você pode falar com seus companheiros de squad (grupo competidor). Aí a zoação rola solta, parece até a calçada da rua no meu tempo de brincadeira ao ar livre. Apesar de que algumas coisas não entendia a graça, mas sei que tinha gente rindo, zoando, cobrando e delineando estratégia, ou seja, algo divertido de se fazer. É uma forma de encontro. No fundo era isso.
É a rua e a calçada do momento, só que sem mãe para botar pra dentro. No máximo ocorre dela gritar pedindo pra molecada dormir… é, tem coisas que em essência nunca vão mudar.
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