A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (20) a Operação Cash Courier, com o objetivo de desmantelar um esquema de tráfico internacional de armas que enviou cerca de 2 mil fuzis de Miami para o Rio de Janeiro. De acordo com as investigações, o verdadeiro chefe da organização criminosa era o policial federal aposentado Josias João do Nascimento, de 56 anos. O esquema contou com a participação do já condenado traficante de armas Frederick Barbieri, conhecido como o “Senhor das Armas”.
O Chefe do Senhor das Armas
Frederick Barbieri, condenado pela Justiça dos Estados Unidos por tráfico internacional de armas, era apenas uma peça no esquema liderado por Josias João do Nascimento. O policial federal aposentado foi identificado como o verdadeiro comandante da rede criminosa, que enviou armamentos de uso restrito para favelas controladas pelo Comando Vermelho (CV).
Durante a operação desta quinta-feira, a PF cumpriu 14 mandados de busca e apreensão. Um dos endereços atribuídos a Josias é uma mansão localizada no condomínio de alto luxo Alphaville, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Até a última atualização desta reportagem, não havia confirmação se o agente aposentado estava no local.
Confronto com a Polícia
Outro alvo da operação foi Marcelo Lopes Santhiago Geraldo, apontado como miliciano da comunidade do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes. Durante o cumprimento do mandado em sua residência, em um condomínio de luxo no mesmo bairro, ele reagiu atirando contra os agentes da PF. Nenhum policial foi ferido. Marcelo tentou fugir, mas foi capturado no cerco montado pela equipe policial. A arma utilizada por ele não possuía registro, e o investigado foi preso em flagrante por tentativa de homicídio.
Além das buscas e apreensões, a Justiça determinou o sequestro e bloqueio de bens e ativos no valor de R$ 50 milhões, pertencentes aos investigados.
Apreensão que Deu Início às Investigações
As investigações começaram em 2017, após a apreensão de 60 fuzis no Aeroporto Internacional do Galeão. As armas, modelos AK-47 e AR-10, estavam escondidas dentro de aquecedores de piscina. Esse carregamento foi atribuído a Frederick Barbieri, que, à época, já atuava no tráfico internacional de armas.
A PF revelou que Barbieri utilizava pessoas físicas e jurídicas para aquisição de imóveis e bens, com o objetivo de lavar o dinheiro obtido com a venda das armas. A rede financeira ligada ao esquema criminoso foi um dos principais alvos da operação desta quinta-feira.
Os investigados responderão por crimes como tráfico internacional de armas, organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção ativa e corrupção passiva.
Prisão e Condenação de Barbieri
Em fevereiro de 2018, um mandado de busca foi executado em um galpão alugado por Barbieri em Vero Beach, na Flórida. No local, as autoridades encontraram 52 fuzis — 49 deles com numeração raspada e prontos para envio ao exterior — além de 2 mil projéteis e material de empacotamento.
No mesmo mês, agentes do Serviço de Imigração e Alfândegas dos Estados Unidos (ICE) prenderam Barbieri em sua casa na Flórida, impedindo o envio de mais 40 fuzis para o Brasil. Em julho de 2018, um tribunal federal de Miami o condenou a 12 anos e 8 meses de prisão por tráfico internacional de armas.
De acordo com o procurador Benjamin Greenberg, Barbieri operou entre 2013 e 2018, utilizando diversas estratégias para burlar as autoridades. Entre elas, o envio de pacotes contendo armamentos sem a devida declaração e a aquisição de armas com numeração raspada.
Além da pena de prisão, a Justiça americana determinou o confisco de US$ 9,6 milhões vinculados a Barbieri, reforçando o impacto financeiro das operações ilegais do criminoso.
A Operação Cash Courier conta com o apoio do Ministério Público Federal (MPF), do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra/Polícia Civil do RJ) e da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Do Ver-o-Fato, com informações do G1*