A participação do governador do Pará, Helder Barbalho, na COP-29 em Baku, Azerbaijão, tem gerado um misto de preocupação e cobrança, especialmente pela falta de transparência em torno da extensa comitiva que o acompanha. Secretários e assessores em cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) do governo estadual compõem esse grupo de privilegiados, mas a ausência de informações claras sobre o tamanho e os custos dessa delegação levanta questionamentos importantes.
Esse “trem da alegria” decorado com transparência zero levanta questões incômodas sobre como é feita a gestão do dinheiro público em meio a um universo de carências da população paraense, uma das mais vulneráveis do pais, com índices de pobreza e miséria semelhantes a de vários países africanos.
Não há dúvida de que a falta de clareza do governo sobre os custos dessa viagem internacional reacende um debate que interessa diretamente aos contribuintes. Afinal, quem são todos os integrantes dessa entourage palaciana, e qual o papel de cada um na COP-29? Quanto é gasto no pagamento de passagens aéreas, ida e volta, diárias e hospedagem em caríssimos hotéis? A resposta é a de que não há respostas, menos ainda justificativas claras sobre a necessidade de tantos assessores, secretários e agregados.
Outra pergunta: por que não seria suficiente a presença do governador, acompanhado de uma equipe mínima de especialistas nos temas abordados em Baku, além de pouquíssimos jornalistas na cobertura do evento?
Marqueteiro de si mesmo
Aliás, em Baku, Helder não economiza em espalhafatosas aparições. Entre encontros com chefes de Estado, fotografias ao lado de assessores e até jogadas com uma bola de futebol com direito a edição de imagens, o governador parece se empenhar em promover apenas a própria imagem, algo redundante. Para isso, o marketing pessoal é reforçado em tempo real com fotos e vídeos publicados constantemente.
Assim, surge outra pergunta inevitável e inquietante: seria mesmo necessário que tantos assessores estejam presentes para apoiar ou documentar tal evento, quando o próprio governador se empenha tanto nessa função?
E mais: qual o impacto direto dessa viagem para o Pará, que sediará em novembro do próximo ano a COP-30, em Belém?
Enfim, a expectativa é de que esse “trem da alegria” barbalhista ao Azerbaijão traga algum resultado prático e benefícios claros para o Pará. Porém, até que essas perguntas saiam das sombras do acobertamento e sejam publicamente respondidas, paira a sensação de que a comitiva em Baku, liderada pelo governador, pode não ser nada mais que um peso caro e desnecessário aos cofres públicos.