Quando as produtoras Polis e Submundo decidiram unir forças para realizar o próximo evento, existiam duas intenções: desassociar o Grindcore do Metal e desvincular a Amazônia de um imaginário estereotipado sobre ritmos consumidos na região.
Durante longas reuniões, regadas a ganja, tabaco e cerveja, no ímpeto de suas reflexões, encontraram a resolução de suas provocações em fazer uma celebração: para curar o grind, era preciso fazer ele ecoar, por uma noite inteira, na cidade mais punk da Amazônia: Belém do Pará.
Reconhecida nacionalmente pela cultura das aparelhagens de tecnobrega, Belém também é dona de uma vasta e peculiar história no punk/hardcore brasileiro desde os anos 80. Em paralelo ao crescimento do brega pela cidade, o movimento punk paraense somou para fazer de Belém um dos lugares mais barulhentos do país.
De Desgraça Periférica (considerada a primeira banda de Grindcore da região Norte) até os veteranos do Baixo Calão, passando por Escárnio, Morte Suicida, Criaturas de Simbad, Derci Gonçalves, Rennegados, Últero Karnal, Putrefato, entre outras, a música extrema sempre foi presente para quem ousou se aventurar pelo underground paraense.
Os antimúsicas da cidade
Para muitos, tecnobrega e grindcore parecem estilos opostos. Mas na vista dos olhos mais atento, eles possuem algo incomum. Ao longo de suas histórias, ambos os estilos incomodaram os ouvidos puritanos das elites intelectuais e culturais. Por isso, foram classificados como “não música”. Ou melhor: como “antimúsica”.
Mas, se por um lado, o brega paraense parou de ser marginalizado pelo seu reconhecimento nacional, a alcunha nunca incomodou os amantes do ritmo mais agressivo do punk.
Se no restante do mundo ainda se questiona se o Grindcore é punk ou metal, na terra do tecnobrega, não há espaço para esse tipo de discussão: por aqui, além de anti música, o grind nasce punk e cresce duas vezes mais punk.
Filho de uma atmosfera úmida e periférica, em meio à desordem urbana e à exclusão sociopolítica do país, o grindcore amazônico provoca as mesmas alucinações sonoras de uma festa de aparelhagem ou de um blast beats em um show no Gato Verde – há algo mais punk que isso?
The Grind Night #1: Abissal, Test, R.O.T
Para celebrar essa harmonia entre Belém e o grindcore, Polis e a Submundo convocaram, pela primeira vez juntos, dois dos nomes mais importante do grindcore brasileiro: R.O.T e Test. Eles se juntam com os locais do Abissal para uma noite de excomungação de uma vez por todas: o Grind é Punk!
No palco serão mais de 40 anos de música barulhenta nas costas de quem acredita no Grindcore como uma antimúsica punk, periférica e subversiva. Tudo já contido na cartilha do punk paraense.
Não seria exagero afirmar que a realização do “1º Grind Night” marca o underground belenense, assim como uma reunião dos Dj Dinho e Maluquinho no Tupinambá marcaria um encontro de aparelhagens.
Serviço:
Data: 11/07/2024
Hora: 19 horas
Local: Kaza Mazé (Travessa Padre Eutíquio, 2374 – Batista Campos)
Bandas:
- R.O.T (SP)
- Test (SP)
- Abissal (PA)
- Discotecagem: Dj @eusoulebarros
Realização: Submundo Produções (@submundoprodutora) e Polis (@polisprod)