A sexta e última Copa do Mundo Feminina de Marta terminou em desespero além de seus “piores pesadelos”, já que o Brasil não conseguiu se classificar para os play-offs na Austrália e na Nova Zelândia.
Um empate sem gols contra a Jamaica eliminou o Brasil, enquanto o adversário caribenho avançou para as oitavas de final com a França. E isso apesar do fato de que as casasdeapostas Brasil e outras eminentes casas de apostas consideravam a seleção brasileira uma das principais candidatas para chegar às fases finais do torneio.
Marta, como líder moral e estatutária da equipa, encarou este resultado com muita dor e começou a falar do fim do seu percurso futebolístico (pelo menos no plano internacional).
Desempenho emocional após eliminação
Marta, de 37 anos, deixou sua marca na história ao se tornar a artilheira da história do torneio com 17 gols. Após o jogo, ela expressou explicitamente que a partida antecipada é um momento sombrio, mas mantém a esperança no futuro do Brasil.
“É difícil falar em um momento como este. Mesmo nos meus piores pesadelos, eu não poderia pensar em uma atuação dessas na Copa do Mundo. Mas isso é só o começo, o povo brasileiro está pedindo uma renovação do equipe e haverá uma renovação. Nesta equipe, só eu sou velha, a maioria delas (suas companheiras de equipe) são jovens com muito talento, isso é apenas o começo para elas. Marta termina aqui, não há mais Mundial para Marta”, disse a jogadora.
Façanha para o futebol feminino
Marta será sempre uma das jogadoras mais respeitadas do futebol feminino, que ajudou a consolidar. “Sabe o que é bom? Quando eu comecei, não havia ídolos no futebol feminino. Como poderia haver ídolos se você não mostrasse o futebol feminino? Como eu poderia entender que chegaria à seleção e me tornaria um padrão?” disse na véspera da partida contra a Jamaica.
Marta estreou na Copa do Mundo em 2003 e, embora nunca tenha conseguido levar sua seleção à vitória naquele torneio, o Brasil chegou à final em 2007, perdendo para a Alemanha. Os resultados muito decepcionantes de seu país se estendem às Olimpíadas, onde houve medalhas de prata em 2004 e 2008.
Vinte anos atrás, ninguém sabia quem era Martha em seu primeiro Campeonato Mundial. Vinte anos depois, ela se tornou referência para muitas mulheres ao redor do mundo, não só no futebol. E também recebeu reconhecimento muito além das fronteiras de seu país natal.
Com certeza ela vai entrar para a história
No total, Marta marcou 122 gols em 189 partidas internacionais, segundo a federação brasileira. A nível de clubes, ela jogou por 11 times ao longo de 23 anos de carreira. Marta jogou na América do Sul, América do Norte e Europa, conquistando o título de Jogadora do Ano seis vezes.
Ela venceu a Copa Libertadores – o equivalente sul-americano da Liga dos Campeões – com o Santos em 2009 e representa o Orlando Pride desde 2017.
Mas seus períodos de maior sucesso foram na Suécia, onde conquistou o título da liga em quatro temporadas consecutivas entre 2005 e 2008 com Umea IK, com Tyreso FF em 2012 e FC Rosengard em 2014 e 2015.
Emma Hayes, gerente do Chelsea que trabalhou para a ITV, prestou sua homenagem.
“Que momento emocionante para Marta. Não como ela gostaria de deixar a Copa do Mundo, mas que memórias ela criou para muitos de nós que vimos uma jogadora de futebol incrível por muito tempo. Ela merece pelo menos essa despedida para os fãs. Ela permanecerá na história por todas as razões certas”, disse Hayes.
Marta foi substituída contra a Jamaica 80 minutos depois, sob muitos aplausos, lamentando não poder ser decisiva novamente para o Brasil, mas poucos, se houver, podem igualar seu impacto na carreira de longo prazo.