Repórter Roberto Cabrini chega à região para mostrar, com outras pinceladas, mais fortes, o que Brasil já conhece, mas não se choca.
A situação no arquipélago do Marajó, ao norte de Belém, revela uma das faces mais sombrias: a exploração e abuso sexual de crianças, uma realidade profundamente perturbadora que desafia a noção de humanidade. Nesse contexto, crianças entre 8 e 12 anos, oriundas de famílias em condições de extrema pobreza, são submetidas a abusos sexuais por adultos.
Esses atos abomináveis ocorrem frequentemente em barcos que navegam pelos rios da região, um espaço que deveria ser de liberdade e vida, mas que se transforma em cenário de violação de direitos fundamentais dessas crianças. A dimensão mais trágica dessa realidade é que, em alguns casos, os próprios pais estão envolvidos na exploração sexual de seus filhos, entregando-os a esses homens em troca de comida.
Esse fato reflete não apenas a vulnerabilidade dessas famílias, mas também a falência moral e ética dentro de um sistema que permite que tais abusos continuem. A necessidade de sobrevivência leva a escolhas desesperadas, onde a inocência é trocada por um prato de comida, evidenciando a extrema miséria que assola o arquipélago.
Dois homens foram presos ontem pela polícia por mais um crime dessa natureza: Um deles foi acusado de estuprar cinco crianças da mesma família, e o outro, um professor de escola municipal, por estupro de duas alunas. Essas prisões são passos importantes na luta contra a exploração sexual infantil, mas também destacam a necessidade premente de medidas mais amplas e sistemáticas para proteger as crianças do Marajó, garantindo a elas um futuro livre de abuso e exploração.
Este cenário exige uma mobilização urgente de todos os setores da sociedade, incluindo governos, organizações não governamentais, comunidade internacional e a sociedade civil, para criar um ambiente seguro para as crianças, onde seus direitos sejam protegidos e sua dignidade, respeitada. A luta contra a exploração sexual de crianças no Marajó é um imperativo ético que transcende fronteiras, exigindo solidariedade e ação conjunta para erradicar essa terrível violação dos direitos humanos.
Cabrini investiga abusos
A continuidade desses casos acaba atraindo para a região a imprensa nacional, como ocorre agora, com a presença no Marajó do experiente repórter investigativo Roberto Cabrini, da Rede Record de televisão. Cabrini viu que seu trabalho não será fácil.
De cara, ele teve que enfrentar um conselheiro tutelar que o avisou sobre a proibição de filmar crianças. Experiente, o repórter foi claro ao dizer ao conselheiro que “conhece a lei tanto quanto ele” e que iria fazer seu trabalho, porque ali estava para isso.
Pediu respeito, acrescentando que também respeitava o trabalho do conselheiro tutelar. Enquanto o papo entre os dois corria, num barco ancorado no porto, policiais faziam a segurança das vítimas, menores abusadas. Que obviamente seriam retratadas na matéria sem ferir as regras do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Um estatuto que, infelizmente, parece letra morta no abandonado Marajó. Um palco para políticos desavergonhados em busca de votos a cada eleição e que depois desaparecem como fumaça.
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