Instituto promove ação de educação ambiental e mobiliza setores da sociedade para debater como cuidar de questões como resíduos sólidos e proteção da qualidade de vida
As imagens da população do litoral do Nordeste limpando as praias contaminadas com enormes manchas de óleo rodaram sensibilizaram o Brasil. E geram indignação contra o governo, que se omitiu nas medidas de contenção e tratamento do problema. Guardadas as devidas proporções, a situação trouxe ao centro das atenções não apenas os problemas ambientais, que são grandes no mundo, especialmente no Brasil, mas também, de maneira conexa, a questão comunitária. Como a população pode ajudar a proteger o meio ambiente?
Questões como essa estão em debate neste momento na programação da Semana Lixo Zero, promovida pela ONG homônima à semana que inclui debates, programações artísticas e comunitárias. O Ver-O-Fato entrevistou o professor de Educação Ambiental do Instituto Federal do Pará (IFPA), doutor em gerenciamento de recursos hídricos, Valdinei Mendes da Silva, que participa de debate sobre o tema no Banco da Amazônia e confirmou que a participação começa pela sensibilização e é fundamental para mudar a realidade ambiental do País.
“Normalmente, acontece quando o comunitário deixa o lixo fora do horário ou o caminhão da coleta não passa. Os resíduos se acumulam e começa o incômodo pelo mau cheiro, pela presença de roedores e urubus. Em casos extremos, a população de Belém percebeu que não bastava apenas colocar a culpa no poder público e que era preciso fazer alguma coisa. Há iniciativas nesse sentido”, explica o professor.
Com a mobilização popular, Valdinei Mendes explica que há a formação de uma rede de proteção de direitos, que força a comunidade e o poder público a atuarem para a garantia desses direitos. Ou seja, a saída é “adotar a sua comunidade”. Promover grupos e ações comunitárias que tragam não somente a educação ambiental como também a prática de cidadania para o cotidiano das pessoas.
“O cidadão que se mobiliza, que se envolve com os problemas da comunidade fica mais sensível às questões maiores, como a questão da Amazônia ou questões como a poluição do mar, sem dúvida”, continua o professor.
Mas como envolver a comunidade, sendo que muitas situações (mesmo situações mais extremas) não têm gerado organização comunitária suficiente para lidar com os problemas dos resíduos sólidos, por exemplo? Umas das respostas possíveis está na escola. Mas não no formato tradicional da escola.
Escola é importa na organização social mas precisa se abrir à comunidade
Valdinei trabalha em Abaetetuba, município onde leciona, com uma tecnologia social chamada “escritório de práticas comunitárias”, onde os alunos são estimulados a trazer questões e problemas da comunidade para dentro da sala de aula.
“O formato tradicional de sala de aula que prevalece no Brasil separa os alunos por série, por idade, por turno. Eles não se encontram dentro do mesmo espaço na escola. É um formato segregador. O aluno tem conhecimento e é ele que dá a base, os exemplos para o professor usar como referência dentro da sala de aula. Não se trata mais de ter uma figura sobre resíduos sólidos em um livro que não faz parte da vida dele”.
Com as ações do Instituto Lixo Zero, iniciativas como essa são compartilhadas e agregam o poder público, a iniciativa privada e a comunidade. Dessa forma, com as campanhas, mais e mais pessoas se sentem sensibilizadas e estimuladas a promover ações nesse sentido. É o caso de um núcleo que se formou no bairro da Sacramenta, em Belém, para atuar com a educação ambiental a partir do estímulo do Instituto Lixo Zero.

“A programação nos chegou por uma amiga que atua com o Instituto e como já havia uma organização por parte de um grupo cultural no bairro, nós decidimos abraçar a causa, um grupo de professores, artistas e agentes comunitários”, explica Odir Ferreira, participante do novo núcleo ambiental, que teve como base o Coletivo Outros Nativos.
“O Instituto visa juntar todas as forças dentro da cidade, na intenção de melhorar os índices alarmantes de mal trato do lixo com nossa cidade”, explica Heber Cavalheiro, embaixador do Instituto Lixo Zero em Belém.Juntos eles realizam hoje na Escola Estadual Esther Bandeira Gomes, localizada na Área das Malvinas, uma programação com contação de histórias, coral e apresentações musicais, incluindo a participação da Mostra Nativa e do cantor e compositor Nicobates, morador do bairro. A ação começa a partir das 18 horas, e a programação completa da Semana Lixo Zero você encontra no site: www.semanalixozero.com.br.

Discussion about this post