O desabamento do porto da empresa Jari Celulose, em Monte Dourado, Distrito do Almeirim, na Região do Baixo Amazonas, fronteira com o Amapá, deixou os trabalhadores mais preocupados ainda com o futuro do empreendimento, que acumula uma dívida bilionária e encontra-se em recuperação judicial.
De acordo com trabalhadores da Jari, que afirmam estar sem receber salários há cinco meses, o porto desabou na tarde deste último domingo (23) e agora não há mais estrutura para a atracação de navios que transportam a produção da fábrica, a celulose solúvel, a principal fonte de recursos da empresa.
“A estrutura do porto já estava comprometida, porque começaram a aparecer rachaduras no solo, mas na tarde de domingo a estrutura de concreto não suportou o peso do barro e pedra compactados e desabou de vez, tornando a atracação de qualquer navio impossível agora”, informou um trabalhador da empresa em contato com o Ver-o-Fato..
Segundo ele, isso aconteceu devido ao abandono em que se encontra a Jari, que está parada há cinco meses, sem manutenção alguma nas estruturas enferrujadas, que estão caindo as pedaços em toda a área fabril, colocando os funcionários em riscos de acidentes.
Pelo porto que desabou era embarcada em navios a celulose solúvel, que serve para a produção de tecidos. Atualmente, o depósito de armazenamento de celulose está vazio por conta da paralisação das atividades da empresa.
“Além desse porto, há outras estruturas de ferro que estão desabando por conta da falta de manutenção e isso coloca em risco a vida de trabalhadores”, aponta o funcionário.
Empresa emudeceu
A empresa não se manifestou sobre o fato aos trabalhadores, mas ficou claro que “tudo está acontecendo por causa da falta de recursos financeiros, o que está evidenciado no atraso de pagamento de funcionários completando cinco meses, além da falta de pagamento de plano de saúde, INSS, FGTS e vale alimentação”, ressaltou.
O desabamento do porto compromete ainda mais a recuperação da empresa, que em 2019 tinha uma dívida de 1,2 bilhão e está sob o comando do empresário Sérgio Amoroso.
“Agora todo o projeto está comprometido e isso é fato muito sério para uma possível retomada da empresa, entretanto, só demonstra o total abandono por parte dos donos, pois a empresa já não garante nem mais comprar água potável para os poucos colaboradores que ainda estão trabalhando”, completou.
Nos tentamos contato com a direção da Jari, mas não conseguimos. O espaço está aberto para esclarecimentos.