Um incidente chocante ocorrido em um hospital do estado trouxe à tona preocupações sérias sobre a ética na doação de órgãos. Durante um procedimento destinado a coletar órgãos de um paciente que havia sofrido uma overdose, sinais de vida foram notados, levando a equipe médica e a familiares a questionar a viabilidade e a moralidade das ações realizadas.
Miller, um dos membros da equipe que presenciou a cena, descreveu o momento angustiante: “Ele estava se movendo — meio que se debatendo. E então, quando fomos até lá, dava para ver que ele tinha lágrimas escorrendo. Ele estava chorando visivelmente.” Essa situação alarmante provocou a indignação de vários profissionais presentes na sala de cirurgia, resultando na recusa de dois médicos em prosseguir com o procedimento.
Natasha, uma funcionária da Kentucky Organ Donor Affiliates (KODA), revelou que ouviu o coordenador da KODA pedir, de forma “insensível”, a busca por novos médicos para realizar o procedimento. “Ele estava dizendo que ela (Natasha) precisava ‘encontrar outro médico para fazer isso. Ela precisa encontrar outra pessoa'”, relatou.
A situação se agravou quando Nyckoletta Martin, outra funcionária da KODA, descobriu que o doador havia demonstrado sinais de vida durante o procedimento. “O doador acordou durante o procedimento naquela manhã para um cateterismo cardíaco. E ele estava se debatendo na mesa”, contou Martin. Apesar dos sinais de vida, a equipe médica continuou com os planos de coleta de órgãos após sedar o paciente, uma decisão que chocou e revoltou muitos.
Nyckoletta expressou sua frustração: “Dediquei minha vida inteira à doação e transplante de órgãos. É muito assustador para mim agora que essas coisas podem acontecer e não há mais nada para proteger os doadores.”
A irmã do paciente, Donna Rhorer, também compartilhou sua experiência angustiante. Ela afirmou que Thomas, seu irmão, abriu os olhos enquanto era levado para a sala de cirurgia. “Foi como se fosse a maneira dele de nos avisar, sabe, ‘Ei, ainda estou aqui'”, disse Donna, que é a tutora legal de Thomas.
Atualmente, Thomas sobreviveu e está morando com a irmã. Embora esteja em processo de recuperação, ele ainda enfrenta desafios, incluindo problemas de memória, dificuldades ao caminhar e ao falar.
As implicações deste caso são amplas. O procurador-geral de Kentucky anunciou que os investigadores estão revisando o incidente, e a Administração Federal de Recursos e Serviços de Saúde também está conduzindo uma investigação sobre as alegações levantadas. O caso não só destaca as complexidades da doação de órgãos, mas também levanta questões urgentes sobre as práticas éticas em torno da determinação da morte e da coleta de órgãos. A sociedade aguarda respostas e medidas que garantam a proteção dos potenciais doadores em situações críticas.
Do Ver-o-Fato, com informações do extra.globo.com