Por Mariane Morisawa
Em 2022, o Globo de Ouro aconteceu, mas quase ninguém viu. Os premiados foram anunciados apenas pelo Twitter, e uma cerimônia presencial restrita focou nas ações de generosidade da organização. Mas, nesta terça, 10, em sua 80.ª edição, a premiação volta a seu local original, o Hotel Beverly Hilton, e será televisionada – ao menos nos Estados Unidos – pelo canal NBC e pelo seu streaming, a Peacock, a partir das 22h (horário de Brasília). No Brasil, não haverá transmissão. Conseguirá o Globo de Ouro, até 2020 considerada a festa mais divertida da temporada, recuperar o brilho de outrora?
Alguns famosos confirmaram sua presença, como Quentin Tarantino e as indicadas Ana de Armas e Michelle Williams. Brendan Fraser, que acusou um dos membros da Hollywood Foreign Press Association (HFPA, ou Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood) de assédio sexual e está indicado para melhor ator de filme dramático por A Baleia, já disse que não vai. Tom Cruise, que devolveu seus Globos de Ouro no auge do escândalo, e tem seu Top Gun: Maverick concorrendo a dois troféus, também não é esperado.
Para quem não se lembra: em 2020, uma série de reportagens do jornal Los Angeles Times trouxe denúncias de que o sistema de admissão na HFPA era pouco transparente, preterindo correspondentes estrangeiros sérios em detrimento de outros com currículos pouco impressionantes. Também não havia nenhum membro negro entre os então 87 integrantes. Fora isso, a associação foi acusada de aceitar viagens e presentes, que em alguns casos pareciam ter favorecido os presenteadores com indicações para o Globo de Ouro, considerado um passo importante nas campanhas para o Oscar.
Desde então, a associação estabeleceu uma série de regras de conduta e admitiu 21 novos membros, seis deles negros. Hoje, são 96 integrantes – alguns foram expulsos, outros saíram e 103 jornalistas do mundo todo foram convidados para votar no Globo de Ouro, mesmo sem fazer parte da associação. Segundo informações da HFPA, hoje os votantes são 52% mulheres, e 51,8% de origens étnicas e raciais diversas, incluindo 19,6% latinos, 12,1% asiáticos, 10,1% negros e 10,1% do Oriente Médio.
Nesse tempo, outra organização, a Critics Choice Association, que entrega o Critics Choice Awards, tentou tomar o espaço que a HFPA deixou vago, admitindo integrantes estrangeiros e tomando a provável data do Globo de Ouro para a sua premiação, que ocorre no domingo, 15.
Prova de fogo
O Globo de Ouro desta noite, com apresentação do comediante Jerrod Carmichael, é, portanto, uma espécie de prova de fogo. É o último ano do contrato com a NBC, que chegou a pagar US$ 60 milhões anuais para ter os direitos de transmissão – o Globo de Ouro era um dos eventos ao vivo de maior audiência da TV americana. Mas as cerimônias de entrega de prêmios não são mais o que eram algum tempo atrás. O SAG Awards, premiação do Sindicato dos Atores, nem será televisionado.
Como sempre, a premiação será dividida em duas partes: cinema e televisão. Entre os filmes, Os Banshees de Inisherin, dirigido por Martin McDonagh, tem o maior número de indicações, oito, seguido por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, com seis, e Babilônia, de Damien Chazelle, e Os Fabelmans, de Steven Spielberg, com cinco cada um.
Séries
Entre as séries, Abbott Elementary tem cinco indicações. Concorrem a quatro prêmios cada um The Crown, Dahmer: Um Canibal Americano, Only Murders in the Building, Pam & Tommy e The White Lotus.
O produtor Ryan Murphy, de Glee, American Horror Story, Pose e Dahmer: Um Canibal Americano vai receber o troféu Carol Burnett, para pessoas que se destacaram em suas carreiras na televisão.
Já o troféu Cecil B. De Mille, dado a alguém de prestígio no cinema, vai para Eddie Murphy, que disputou o Globo de Ouro seis vezes, por produções como 48 Horas (1982) e Trocando as Bolas (1983), ganhando como coadjuvante por Dreamgirls – Em Busca de Um Sonho (2006).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(AE)