Em uma entrevista exclusiva concedida ao portal Ver-o-Fato, o ex-senador do Pará Mário Couto, que disputou a eleição de 2022 para retornar ao Senado, levantou uma série de acusações e queixas em relação ao processo eleitoral e ao candidato vencedor, Beto Faro, do PT. Couto, que acabou derrotado por Faro e viu seu adversário agora respondendo a um processo de cassação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), expressou seu descontentamento com a forma como a situação tem se desenrolado. Leia a entrevista, abaixo:
Ver-o-Fato: Sr. Mário Couto, o senhor alegou ser prejudicado na eleição de 2022. Poderia detalhar quais foram as principais irregularidades que o senhor identificou?
Mário Couto: Sem dúvida. Desde o início da campanha, enfrentamos um ambiente muito adverso. Mas o que mais me incomoda é o que vem ocorrendo com o processo de cassação do Beto Faro. É um absurdo que o processo tenha ficado parado por mais de um ano. Além disso, temos evidências concretas de compra de votos, algo que, a meu ver, comprometeu a lisura do pleito. O TRE precisa agir com mais transparência e celeridade para que a justiça seja feita.
Ver-o-Fato: O senhor menciona evidências de compra de votos. O que pode nos contar sobre isso?
Mário Couto: Sim, temos documentos e testemunhas que confirmam a prática de compra de votos durante a eleição. Houve uma movimentação financeira suspeita e muitos relatos de eleitores sendo abordados com promessas de benefícios em troca de seus votos. Esses casos foram amplamente divulgados na época, mas não receberam a devida atenção.
Ver-o-Fato: O processo de cassação de Beto Faro está parado há mais de um ano. O senhor acredita que isso pode ter alguma influência política?
Mário Couto: Com certeza. Há um claro atraso no andamento desse processo, o que só aumenta a sensação de impunidade. O que me preocupa é a possibilidade de que interesses políticos estejam influenciando a demora. É fundamental que o TRE mantenha a imparcialidade e acelere o julgamento para garantir que a justiça prevaleça.
Ver-o-Fato: Como o senhor avalia o papel do TRE nesse contexto?
Mário Couto: O TRE tem um papel crucial em assegurar a integridade das eleições e em manter a confiança pública nas instituições. No entanto, a forma como o processo tem sido conduzido levanta sérias questões sobre a eficácia e a imparcialidade do tribunal. É essencial que o TRE prove que está à altura da sua responsabilidade, agindo de maneira transparente e eficiente.
Ver-o-Fato: O que o senhor acha que pode acontecer agora, considerando que o julgamento do processo, após tanta demora, está previsto para o próximo mês?
Mário Couto: Eu espero que o presidente Leonam Cruz, que parece ser um homem de justiça e honesto, faça o que é certo e leve o caso até o fim. A verdade precisa prevalecer, e o processo de cassação deve ser julgado de forma justa. O que está em jogo aqui é a credibilidade do sistema eleitoral e o direito de todos os cidadãos a um pleito limpo e transparente.
Ver-o-Fato: E, quanto ao impacto dessa demora no resultado do processo para o senhor e para a política em geral?
Mário Couto: Cada dia que passa, mais a situação se arrasta e o descrédito aumenta. Se eu tivesse vencido a causa, seria para assumir imediatamente. Agora, com a mudança na legislação, se o processo for ganho, haverá a necessidade de uma nova eleição. Isso prejudica ainda mais o cenário político e o processo democrático. É um verdadeiro caos, e a culpa disso tudo recai sobre a má gestão e a lentidão no julgamento.
Ver-o-Fato: E qual é a sua expectativa para o julgamento que se aproxima?
Mário Couto: Espero que o julgamento seja conduzido com rigor e que todas as provas sejam devidamente consideradas. É fundamental que o resultado reflita a verdade dos fatos e que, se comprovadas as irregularidades, haja as devidas sanções. A população merece saber que as eleições são justas e que aqueles que desrespeitam as regras serão responsabilizados.
A entrevista revelou a frustração e o descontentamento de Mário Couto com o processo eleitoral e com a condução do caso após o pedido, pelo procurador eleitoral Alan Mansur, da cassação de Beto Faro. A expectativa agora recai sobre o julgamento, que pode determinar não apenas o futuro político de Faro, mas também a confiança pública no sistema eleitoral brasileiro.
Beto Faro: “pressões sobre Judiciário”
Desde o começo desta semana, o Ver-o-Fato manteve contato com o gabinete do senador Beto Faro para que ele se manifeste sobre o pedido de cassação do mandato dele, formulado pelo procurador eleitoral, Alan Mansur. O Ver-o-Fato teve acesso a trechos de gravações de uma reunião feita com integrantes da diretoria da empresa Kapa, uma das apoiadoras da campanha eleitoral do petista, onde são delineadas as tratativas para obter votos e elegê-lo, utilizando uma poderosa máquina financeira, inclusive coma liberação de ticket alimentação.
Informado sobre as acusações do processo, que corre em segredo de justiça, e principalmente sobre a entrevista do ex-senador Mário Couto, o petista Beto Faro, após três dias de completo silêncio, enviou por meio de sua assessoria o seguinte comentário:
” O processo é sigiloso, mas podemos afirmar que a tramitação está dentro da normalidade. O que causa estranheza é a tentativa de pressionar o Judiciário através da imprensa por quem não aceita o resultado das urnas e quer a todo tempo criar factoides, desacreditando instituições e pessoas. Continuamos cooperando e confiamos no Judiciário e no seu papel”.
O Ver-o-Fato vai voltar ao caso, amanhã, publicando algumas informações que constam do processo e ouvindo autoridades por cujas mãos ele tramita.