A tentativa de dois homens em fazer escavação para encontrar moedas de grande valor em um terreno na cidade de Colares, quase termina em assassinato. A dona do terreno – o mesmo local onde no dia 17 passado foram encontrado um tesouro com moedas do século 19 anteriores à Revolução Cabana -, conhecida por Elza, avistou no domingo passado, 24, dois homens revirando o local de onde as moedas haviam sido retiradas.
Ela foi à janela da casa e, enquanto alimentava uma tia idosa que com ela reside, gritou para a dupla de intrusos que eles não podiam mexer no local, porque a polícia e o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN) não permitiam, já que a área está interditada à escavação. Os homens responderam que não estavam em busca de moedas, mas apenas de açaí no terreno. Logo em seguida, disseram para a senhora que estavam com sede e pediram água.
Enquanto ela se preparava para atendê-los, eles entraram na casa e a atacaram. A mulher foi manietada enquanto um dos bandidos tentava estrangulá-la. Ela resistiu e passou a lutar contra os invasores, enquanto gritava, pedindo socorro. Um vizinho ouviu os gritos e correu para ajudá-la. Ao perceber que haviam sido descobertos, eles soltaram a dona do terreno e fugiram. Na fuga, eles levaram o celular da vítima.
O caso foi registrado na delegacia de polícia do município, onde foi aberto inquérito. A polícia tenta prender os criminosos, mas eles podem ter fugido da ilha, onde residem. Após a tentativa de homicídio, dona Elza e a residência dela estão sob proteção policial, segundo a fonte do Ver-o-Fato.
Inquérito foi concluído
A Polícia Civil, por outro lado, informou ter concluído o inquérito que investiga o roubo de moedas de ouro e bronze que estavam enterradas no terreno particular que agora virou objeto de cobiça de moradores da ilha e de outros que por lá têm aparecido. De acordo com a polícia, durante as investigações, foram identificadas todas as pessoas que participaram das escavações irregulares e da venda ilegal das moedas raras.
“Todas as pessoas que ficaram com moedas, que estavam no dia, foram localizadas, identificadas e ouvidas. Agora vamos encaminhar o levantamento policial para o Poder Judiciário, que vai decidir o que será feito”, explicou o titular da Delegacia de Colares, delegado Rodrigo Medeiros.
O Ver-Fato apurou que dois professores – um deles da Universidade Federal do Pará (UFPA) e outro residente em Colares, além de um policial militar hoje na reserva, foram indiciados no inquérito. Eles não tiveram os nomes divulgados. As moedas até agora não foram recuperadas, segundo informações de uma fonte.
O caso é acompanhado pelo fiscal da lei, o promotor de Justiça Rui Barbosa Lamim. Quando houver a manifestação do MP. o processo irá para as mãos do juiz de Colares, Antônio Francisco Gil Barbosa.
O delegado Rodrigo Medeiros não foi localizado para falar sobre o inquérito. O telefone na delegacia de Colares parece ter problema de conexão, pois chama insistentemente, mas ninguém atende.
Na época do achado do tesouro a unidade policial local foi procurada pela Coordenadora de Patrimônio Público da Prefeitura de Colares, informando que as peças estariam sendo vendidas em sites de compra e venda.
Valor e venda a preço vil
O tesouro encontrado em Colares é de valor inestimável – anterior à Revolta da Cabanagem – foi encontrado na Ilha de Colares, após escavações por um grupo que usou máquina com detector de metais. A descoberta das moedas, algumas com datas de 1819, no valor de vinte réis, além de outras, cunhadas pelo império, agitaram os moradores da Ilha, conhecida mundialmente pelas aparições de objetos voadores não-identificados entre os anos de 1977 e 1978.
A prefeitura de Colares, por meio de nota nas redes sociais, informou que acionou a polícia ao tomar conhecimento de que as moedas estariam sendo vendidas pela Internet a colecionadores. “A polícia será acionada para intervir e banir a comercialização do tesouro na internet”, disse a prefeitura.
Valiosíssimas, as moedas estavam sendo vendidas por R$ 160, em até 12 vezes nas redes sociais. O vendedor não fazia a mínima ideia do valor que essas moedas representam até mesmo no mercado de colecionadores. Sem falar de seu contexto como patrimônio da história paraense.
Segundo as informações chegadas ao Ver-o-Fato, as moedas estavam no terreno de uma mulher que reside no local onde outrora teria sido um porto dos Cabanos, que viviam em cabanas à beira dos rios do Pará e participaram da revolta que entre 1835 e 1840, que instalou no estado um governo genuinamente popular.
O tesouro encontrado em Colares pertence ao patrimônio histórico e não a quem o encontrou e deve ser catalogado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e governo do Estado, que podem por meio de análise com especialistas ter seu valor calculado.
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