Em 27 de janeiro de 1978, durante a onda ufológica conhecida como “Chupa-chupa”, que ocorreu entre os estados do Pará e do Maranhão, uma equipe composta por militares e civis registrou, através de uma filmadora Elmo 360, um dos raríssimos filmes da Operação Prato, gravado pelo piloto civil Virgílio Arantes de Mello. Anos depois, a equipe do documentário Na Rota das Luzes entrevistou seu filho, Ernesto Isaías Arantes de Mello, que revelou detalhes sobre a filmagem.
Em 1977, entre os estados do Pará e Maranhão, nascia a mais rica onda ufológica que se tem conhecimento na história, chamada popularmente de “Chupa-chupa”. O fenômeno ganhou este título devido a alegações feitas por moradores de algumas comunidades que relatavam serem atingidos por uma luz estranha que retirava seu sangue e, como consequência, os adoecia, deixando-os dias acamados.
Tais objetos também sobrevoavam o espaço aéreo recorrentemente em todo período que durou a onda. Devido ao desespero que tomou conta da população, houve o deslocamento de uma equipe composta por suboficiais da Força Aérea Brasileira (FAB), lotados no I Comar, em Belém.
Os militares foram a campo para averiguar as denúncias e logo puderam constatar que algo extraordinário de fato acontecia naquela região, majoritariamente próximo a grandes massas de água. Essas missões receberam o nome de Operação Prato, posteriormente bastante conhecida por estudiosos do Fenômeno UFO. A operação composta por militares também contou com a colaboração de civis, fato pouco explorado e ainda um mistério.
Afinal, era uma missão muito sigilosa e que possuía uma quantidade considerável de civis, como é o caso de Virgílio Ernesto Arantes de Mello, que na época atuava como piloto e diretor de operações da empresa Kovacs Táxi Aéreo.
Em abril de 2020, a equipe do documentário Na Rota das Luzes entrou em contato com Ernesto Isaías Arantes de Mello, filho de Virgílio. E ele revelou com exclusividade ao grupo de pesquisa Ufologia na Amazônia (UNA) que certa vez o seu pai levou pra casa um rolo de filmes com imagens que tinham sido gravadas na Baía do Sol, Ilha de Mosqueiro. Segundo Isaías, no filme havia uma gravação na qual era possível ver um UFO:
1) UNA: “Ernesto, você saberia nos contar, como seu pai se envolveu nas pesquisas sobre os fenômenos aéreos que ocorreram no Pará em 1977?”
ERNESTO: “Não, talvez pela ligação com militares da FAB, uma vez que ele era investigador civil de acidentes aéreos, ou pelo fato de conhecer bem a região, mas não sei exatamente como ele se envolveu no projeto”.
2) UNA: “Você lembra o nome de algum desses militares?“
ERNESTO: “Sim, quer dizer, eu acho que ele era militar na época, mas não sei se ele foi militar, inclusive conheci ele pessoalmente. Era o senhor Flávio”.
3) UNA: “Além deste nome você se recorda de outro?”
ERNESTO: “Sim, teve um piloto chamado comandante Cohen, já falecido. Lembro que ele foi algumas vezes com meu pai, assim como meu tio Aderbal Mello, também falecido”.
4) UNA: “Alguma vez seu pai comentou sobre o que ele tinha observado em suas vigílias?”
ERNESTO: “Sim. Ele conversava muito com meu tio Aderbal. Eu presenciei várias conversas e eu vi um filme, que ele registrou na Baía do Sol”.
5) UNA: “Você poderia nos descrever como era a filmagem?”
ERNESTO: “Então, era um filme curto, tá? O local na época, segundo meu pai, era na Baía do Sol. Mostrava a Lua inicialmente e o reflexo dela no rio e depois a câmera era deslocada para o lado esquerdo, eu acho, e focava em uma luz no céu, e depois apontava para Lua, e voltava para luz. Eu lembro só disso. Eu não lembro se ela se movimentava, se havia outro objeto ou outra coisa. Mas o que recordo é isso. Era como se quisesse estabelecer um parâmetro entre a luz e a Lua, para mostrar que não eram a mesma coisa. Esse filme eu assisti e era interessante que a câmera tinha um recurso que não era um zoom, mas era como se fosse algum movimento que você fizesse na lente em que se afastava e se aproximava parecido com um zoom, só que quando você ampliava isso, a imagem distorcia e o que parecia ser apenas uma luz na verdade eram várias luzes, que unidas formavam apenas uma luminosidade, entendeu? E isso era bem interessante. Acho que isso foi entre 1977 e 1978, quando meu pai faleceu”.
6) UNA: “O objeto se deslocou em algum momento?”
ERNESTO: “Eu não lembro do objeto se movimentar, mas era possível ver o movimento do rio, e lembro da vegetação que tinha próxima das árvores”.
7) UNA: “Ernesto, alguém mais da sua família poderia contribuir com mais informações?”
ERNESTO: “Falei com meus irmãos e eles se lembram das mesmas coisas que eu”.
8) UNA: “Você guarda algum material?”
ERNESTO: “Sim. Essa foto foi dada pelo senhor Flávio. Detalhe: ela veio dentro deste envelope marcado com ‘Projeto OVNI Belém- Pará’. Não sei o que significa. Isso chegou na minha mão no final dos anos 80″.
9) UNA: “Quais as suas considerações sobre a participação de seu pai na investigação?”
ERNESTO: “Não sei exatamente em que momento e qual a sua contribuição para o projeto, devido ao assunto sempre ter sido tratado com reserva. E com a sua morte, ficou muito mais difícil mensurar”.
10) UNA: “Além desta foto, você ou sua família guardam algum material destas investigações?”
ERNESTO: “Não possuímos nenhum outro material”.
A entrevista com Ernesto confirmou e revelou pontos curiosos sobre a Operação Prato. A participação de Virgílio durante algumas incursões militares e também a fotografia do UFO já eram de conhecimento dos estudiosos do caso. O curioso carimbo no envelope ressalta que este termo “Projeto OVNI” era novo, pois não foi encontrado em nenhuma documentação oficial, “vazada” ou publicada, o que nos leva a crer que este termo foi possivelmente uma criação dos civis, com uma grande chance de ser de autoria do piloto civil Ubiratan Pinon Frias.
Explicando melhor: haja visto que a assinatura do sargento João Flávio Freitas consta no verso da fotografia e Ernesto afirmar que recebeu a foto das mãos de sua mãe, a qual teria recebido de Freitas, é importante ressaltar que, apesar da excelente memória de quem nos forneceu o relato, durante a entrevista ele não reconheceu o rosto do sargento Flávio nas fotografias que enviamos (via Whatsapp). Porém, foi categórico em reconhecer o rosto de Frias. Chegamos a consultar um outro piloto, Ivaldo Pantoja, que colaborou na investigação militar, e que afirmou nunca ter ouvido falar sobre o “Projeto OVNI”. Por isso, até o momento, chegamos à conclusão que tal nomenclatura tenha sido uma iniciativa exclusiva de Frias.
A fotografia contida no envelope faz parte do registro no 107 do Registro de Observações de OVNI (ROV), e foi feita no dia 20 de junho de 1978. Apesar de Virgílio não ser citado no ROV, o sargento Flávio e Frias são os observadores descritos no documento, o que confirma as recordações de Ernesto sobre a origem desta foto tirada na Baia do Sol, na Ilha de Mosqueiro, agência distrital de Belém.
Agradecimentos: Aos pesquisadores do Grupo Ufologia na Amazônia, à família de Virgílio por ceder todas a informações necessária para a produção desta matéria. Em especial a colaboração de Ernesto Isaías, que se dispôs a ceder as fotografias e os desenhos.
Autores da matéria: Heitor Costa, Iêda Ferreira, Rodrigo Aguiar e Greg Maravalho
Cortesia: Canal João Marcelo
Fonte: Revista UFO
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