A população que depende do transporte público de Benevides está passando pelo aprofundamento da precarização do serviço, que nunca foi bom, mas nas últimas semanas piorou de vez. Em relato enviado ao Ver-o-Fato, uma usuária conta que há falta de ônibus no período de 11h da manhã até às 14h da tarde, bem como a partir das 20h, pela noite.
Segundo ela, Isso está prejudicando centenas de pessoas que precisam trabalhar, estudar e cumprir seus compromissos em Belém e outras cidades da região metropolitana. Após uma paralisação dos rodoviários que trabalham nas linhas de Benevides, Santa Bárbara e Mosqueiro, que transportam passageiros até São Brás, em Belém, houve a promessa de retomada, porém, para o benevidense essa volta está ocorrendo de maneira precária.
“Não conseguir voltar pra casa depois das 20h, se tornou rotina“, diz a usuária que trabalha no turno da noite, na capital. Perder o último ônibus, que passa no começo da noite, pode significar perigo, estresse e muito prejuízo econômico. “Teoricamente, existem duas empresas de ônibus atendendo a linha de Benevides a antiga empresa Transcap (Benevides/ São Brás) e a empresa Barata (Benevides/Castanheira), que estão atuando no município, mas ambas, no horário entre 11h da manhã e 14h não funcionam, pois retomam somente depois das 14h, até 20h da noite. Após esse horário não há mais ônibus de nenhuma das duas empresas circulando, deixando os passageiros isolados em Belém.”
Trecho de relato enviado ao Ver-o-Fato
Com a falta de transporte no período da noite já mencionado, muitas pessoas precisam recorrer a outras maneiras – mais caras ao bolso – para chegar em casa. Uma dessas formas é pegar uma van que vá para o município de Castanhal, quando ainda há, ou mesmo subir no ônibus que vai para Mosqueiro e, posteriormente, pegar um mototáxi até, enfim, chegar em casa.
“Mas o grande problema é que no final do mês essa logística afeta diretamente o bolso dos passageiros, que são trabalhadores e estudantes, que retomaram as atividades presencialmente e contam com o vale digital (às vezes com uma passagem de ida e uma de volta) e com a carteirinha de meia passagem estudantil, e nem sempre têm dinheiro para tomar mototáxi todos os dias, pegar uma van ou qualquer transporte que seja, para trasladar entre Belém e Benevides”, diz a usuária.
“O que se espera depois de três longas semanas sem respostas, é alguma atitude por parte da gestão (atitude mesmo), pois a população está carecendo da atenção de quem assumiu o compromisso de cuidar de suas necessidades e carências. E a mobilidade urbana precisa sair dos papeis com urgência, pois a calamidade do sistema de transporte público de Benevides é real e prejudica seus cidadãos, afetando inclusive seu direito de ir e vir“.