Com a atriz Hong Chao também se destacando, o diretor Darren Aronofsky entrega um filme emocionante e visualmente impressionante
Desde o lançamento de “A Baleia”, muito tem se falado sobre a atuação de Brendan Fraser no papel de Charlie, um pai de família que luta para se reconciliar com a filha adolescente durante a reta final de sua vida. E não é para menos, Fraser entrega uma performance arrebatadora, digna de prêmios e reconhecimento da crítica especializada e dos cinéfilos de plantão.
Com sua presença magnética em cena, Fraser – cujo personagem que interpreta sofre com insuficiência cardíaca em decorrência de um quadro de obesidade mórbida – transmite, ao longo de quase duas horas, uma gama de emoções complexas e profundas, passando do humor ao drama com naturalidade e sensibilidade. Ele é o coração pulsante da produção, uma figura trágica e vulnerável que conquista a empatia do público desde os primeiros minutos.
Mas Fraser não é o único destaque de “A Baleia”. Hong Chao, que interpreta a melhor amiga de Charlie, também brilha em sua atuação. Com uma presença que vai do oito ao oitenta – em termos emocionais -, Chao entrega uma personagem que funciona como contraponto para Charlie, ajudando-o a se conectar com suas próprias emoções e sucessíveis traumas a partir da separação da mãe de sua filha.
Além do elenco, que também conta com Sadie Sink (Stranger Things) como filha de Charlie, é preciso destacar o peso estético do diretor Darren Aronofsky. Com sua linguagem visual impactante, Aronofsky cria uma atmosfera opressiva e claustrofóbica, que reflete a luta interna dos personagens. Seu uso habilidoso de imagens oníricas e simbólicas, além de uma trilha sonora envolvente, eleva o filme a um patamar de arte cinematográfica. Não se pode esquecer também da densidade do roteiro de Samuel D. Hunter (autor da peça homônima ao filme).
Em comparação com outras obras cinematográficas de Darren Aronofsky, como o emblemático “Mãe”, de 2017, “A Baleia” é um filme menos experimental e mais direto em sua abordagem. No entanto, isso não significa que o diretor tenha deixado de lado sua assinatura autoral. Pelo contrário, ele utiliza seus recursos técnicos com maestria para criar uma experiência sensorial única, que estimula a mente e o coração do espectador.
“A Baleia” é um trabalho que certamente ficará na memória dos espectadores e pode muito bem render indicações e prêmios para sua equipe talentosa. Eu pude assistir ao filme a convite da Rádio Unama e da rede de cinemas Cinesystem, meus parceiros no projeto ‘O Véio Nerd’, nas redes sociais.
OSCAR 2023
Em pouco mais de duas semanas, no dia 12.03, será realizada a 95º edição do Oscar. A premiação será transmitida no Brasil por meio do canal TNT e, pela primeira vez, também poderá ser conferida pelo streaming, na HBO Max.
Além de Brendan Fraser, pela atuação em “A Baleia”, irão concorrer ao Oscar de melhor ator Austin Butler, por Elvis; Colin Farrell, por Os Banshees de Inisherin; Paul Mescal, por Aftersun; e Bill Nighy, por Living. A atriz Hong Chau concorre ao prêmio de melhor atriz coadjuvante. O filme também disputa uma estatueta na categoria ‘melhor cabelo e maquiagem’.
A REAL SUPERAÇÃO DE FRASER
Quem acompanhou (ou vai acompanhar) a atuação impecável de Brendan Fraser em “A Baleia”, talvez não tenha ideia de que o ator, conhecido por muitos por papéis cômicos ou aventurescos, como em “George, O Rei da Floresta – 2007” ou na franquia “A Múmia – 1999 a 2008”, passou por maus bocados antes de se tornar candidato ao Oscar de melhor ator.
Fraser denunciou publicamente ter sido assediado sexualmente pelo ex-presidente da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, Philip Berk, durante um evento em 2003, afirmando que a situação o afetou profundamente e prejudicou sua carreira.
Essa coragem em falar publicamente sobre o assédio é importante para conscientizar as pessoas sobre a gravidade do problema e incentivar outras vítimas a se pronunciarem. Infelizmente, casos de assédio sexual ainda são comuns na indústria cinematográfica, e é necessário continuar lutando contra essa prática.
Brendan Fraser está provando que é possível voltar a brilhar em Hollywood, mesmo após um período de afastamento. O ator está mostrando que ainda tem muito a oferecer e que é um talento que não pode ser ignorado.