Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol e candidato a presidente da CBF desde a saída de Ednaldo Rodrigues, destituído do cargo em 7 de dezembro por decisão judicial, disse a representantes de clubes que Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, está usando a máquina do estado para interferir na disputa pelo comando da entidade máxima do futebol brasileiro.
Essa informação, além de divulgada em outros veículos de imprensa do país, havia sido publicada em primeira mão na última sexta-feira, 29, na coluna Painel, do jornal “Folha de São Paulo”.
Em gravação de reunião obtida pelo Painel, Bastos afirma que Helder estaria pressionando e ameaçando presidentes de clube (Paysandu) e de federação do estado para que não o apoiem. O presidente da FPF diz que o governador do Pará é próximo de Fernando Sarney, filho do ex-governador do Maranhão e presidente da República, José Sarney. Fernando é atual vice-presidente da CBF, indicando que Helder estaria atuando em favor dele.
Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, tem atuado para que Fernando Sarney seja o novo presidente da CBF.
“O Paysandu, o Maurício [Ettinger, presidente do clube] é paulista, conhece o trabalho de São Paulo, está encolhido, porque o governador do Pará, a mesma coisa que ele fez com o Ricardo [Gluck Paul, presidente da Federação Paraense de Futebol] —que aliás estava com a gente também, eram 10 [apoios à candidatura] com o Pará—, está fazendo uma pressão enorme nele”, disse Bastos em reunião com representantes de clubes da Liga Forte União na terça-feira (26).
Pressões
Reinaldo Bastos ainda diz que Barbalho e Sarney “são muito amigos”.
“O que ele (Helder Barbalho) fez com o Ricardo [Gluck Paul] na federação do Pará é uma tristeza enorme, de grosseria, não tem mais R$ 1 para a federação, parece que a esposa dele tem um cargo público interessante, uma profissional competente. Ameaçou e, em resumo, ele não resistiu”, completou.
Quem ocupa cargo público relevante sob influência mais direta do governador é, na verdade, a irmã de Ricardo, Ana Carolina Gluck Paul, procuradora-geral adjunta do Pará. Luciana Gluck Paul, advogada e esposa de Ricardo, é professora da Universidade Federal do Pará e vice-presidente da OAB do Pará.
A inscrição de candidatura para a presidência da CBF requer o apoio declarado de pelo menos cinco clubes e pelo menos oito federações estaduais. Bastos tem buscado essas alianças.
Em nota, o governador Helder Barbalho nega “qualquer tipo de participação em conversas ou candidaturas aos cargos da CBF”. Procurado, Bastos não quis se manifestar.
A reportagem procurou Gluck Paul por telefone e por mensagens de celular. Por telefonema, ele disse que estava fora do país e que a ligação estava ruim. Ele não respondeu às mensagens sobre o tema.
A reportagem não conseguiu contato com Mauricio Ettinger, presidente do Paysandu.