As cinco filhas herdeiras do banqueiro Aloysio de Faria acabam de fechar um negócio da China, ou melhor, do mundo capitalista: a venda do Banco Alfa, do grupo de empresas da família do qual a Agropalma, localizada no Pará, faz parte. O Alfa foi adquirido pelo Banco Safra por R$ 1 bilhão.
O Banco Alfa, que ainda é uma instituição financeira a operar no sistema analógico, quando a maioria das instituições do setor já atuam hoje no meio digital, era a menina dos olhos de Aloysio de Faria, que morreu aos 99 anos, ano passado.
A outra empresa, a Agropalma, a segunda mais forte do grupo familiar, porém, continua à venda, com vários grupos interessados. O problema são as inúmeras irregularidades que dificultam a batida do martelo. Há processos na justiça do Pará, além de uma ação penal em tramitação na Justiça Federal, já com quebra de sigilo contra a empresa decretada pela 4ª Vara Federal de Belém.
Os grupos econômicos que estão de olho na compra da Agropalma já tiveram acesso aos documentos que apontam as irregularidades, como as denúncias do Ministério Público onde despontam fraudes, grilagem de terras públicas e particulares, além do uso de documentos falsos, inclusive de cartório fictício.
Cerca de 80 mil hectares, dos 106 mil que a Agropalma detém a posse, mas não o domínio, estariam contaminados por ilegalidades, sendo que quase 60 mil já tiveram suas escrituras e títulos em cartórios bloqueados e posteriormente cancelados por decisão judicial. A empresa se nega a reconhecer as fraudes ou em admitir que poderá perder tudo de uma hora para outra.
Veja, abaixo, a notícia divulgada anteontem pela CNN sobre a compra do Banco Alfa pelo Banco Safra.
O Banco Safra anunciou na noite desta quarta-feira (23) que firmou acordo para compra da totalidade das ações do Conglomerado Financeiro Alfa – Banco Alfa – pertencentes à Administradora Fortaleza. Segundo as partes, a operação é de R$ 1,03 bilhão.
“A transação é um marco na história do banco no Brasil. Serão beneficiados clientes, funcionários e acionistas do Conglomerado Financeiro Alfa e do Banco Safra. Compartilhamos valores, visão de longo prazo e paixão por trabalhar, isso nos dá enorme confiança na sintonia e sucesso dessa operação”, disse David Safra.
O Banco Safra é um dos maiores bancos privados do Brasil, parte do Grupo J. Safra, fundado por Joseph Safra. Segundo comunicado, a instituição possui patrimônio líquido de R$ 15,5 bilhões, com total de ativos de R$ 270 bilhões e recursos captados e administrados de R$ 300 bilhões. Conta com 10,5 mil colaboradores e atuação nos segmentos pessoa física e jurídica.
Já o Conglomerado Financeiro Alfa teve origem com o Banco da Lavoura de Minas Gerais, criado em 1925, e posteriormente renomeado para Banco Real na década de 1970. Após a venda do Real ao ABN Amro, em 1998, o banqueiro Aloysio de Andrade Faria criou o Alfa.
“É uma transação histórica no mercado financeiro brasileiro. Temos a convicção de que a operação entre os dois bancos seculares, fruto de trajetórias empreendedoras de sucesso e baseados em valores comuns, potencializará a qualidade, perenidade e excelência que sempre oferecemos aos nossos clientes e colaboradores”, afirmou Fábio Amorosino, CEO do Conglomerado Financeiro Alfa.
Rothschild & Co e Mattos Filho atuaram como assessores financeiro e legal da Administradora Fortaleza. Pelo Banco Safra a assessoria financeira foi do J.Safra Investment Banking e a assessoria legal foi do Pinheiro Neto Advogados. (Do Ver-o-Fato, com informações da TV CNN)