As instituições financeiras de desenvolvimento podem ajudar a estruturar projetos sustentáveis, a fim de atrair recursos de organismos multilaterais internacionais para financiar a transição da economia da Amazônia para um modelo mais sustentável e inclusivo. Os entraves para impulsionar o desenvolvimento sustentável na região foram tema do webinar “Amazônia: geração de valor na floresta em pé”, realizado ontem pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), em parceria com o WRI Brasil.
“O papel do setor público é fundamental para criar essa ponte para o futuro. Para isso tem que ter capacidade significativa de ampliar os projetos. Isso é feito nos EUA, pela KFW, na Alemanha; pelo China Development Bank, na China; Banco Mundial, entre outros. O BNDES vem desenvolvendo a sua fábrica de projetos, o BDMG também. Temos que ampliar no Brasil a estruturação os projetos de acordo com os critérios e objetivos das instituições multilaterais e privadas para atrair esses recursos”, afirmou o economista Rogério Studart, ex-diretor executivo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Mundial e pesquisador do WRI.
Nesse contexto da transição da economia da região para um modelo sustentável, o presidente do Banco da Amazônia, Valdecir Tose, reforça que as instituições financeiras de desenvolvimento têm a missão de alavancar o potencial já existente. “Temos produtos exclusivos da Amazônia, como a castanha. Considerar esse potencial é relevante para esse desenvolvimento. A dificuldade é estabelecer um desenvolvimento não tradicional. As instituições financeiras têm desafio de alocar os recursos”.
Para o fundador do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), Mariano Cenamo, as instituições financeiras de desenvolvimento têm o papel de adotar políticas a longo prazo que ajudem a preservar a Amazônia através de projetos sustentáveis. Segundo ele, investir na economia verde na região pode colocar o Brasil na vanguarda ambiental.
“Qual a melhor estratégia para atrair investimento para o Brasil? É a Amazônia. Nossa indústria é importante, mas temos dificuldade para competir com a China ou outros países. Agora produzir alimentos, gerar emprego e renda preservando a floresta, país nenhum no mundo se compara ao Brasil”.
No entanto, a diretora da secretaria estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Camille Bemerguy, destaca a alta complexidade para colocar em prática ações nessa direção, especialmente em razão das diferenças locais. “No estado do Pará existem diversas realidades. Temos um ambiente desafiador e uma complexidade dada pela diversidade que existe dentro do próprio estado”.
Por fim, a especialista do PNUMA/ONU, Raquel Marques da Costa, lembrou o dado apresentado no Fórum Econômico Mundial do ano passado, no qual metade do PIB Mundial, equivalente a cerca de US﹩ 44 trilhões, depende da natureza, para ressaltar a importância da Amazônia para o planeta. “O setor financeiro é impactado porque eles fazem investimentos para clientes que dependem dos serviços que a natureza provém. Os bancos de desenvolvimento podem ajudar a deter o desmatamento, cobrar e apoiar melhorias”.
Veja a íntegra do debate realizado ontem: