Só podemos defender alguma coisa se sabemos o que estamos defendendo.
Sobre a Amazônia, através desta VIDA, já sabemos alguma coisa mais do que antes o que a grande maioria de nós sabia, provavelmente.
Que é um Santuário. Que ocupa mais da metade das florestas tropicais ainda existentes. E que isso significa todo o norte da América do Sul, no Brasil abrangendo os estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima e Amapá, além de grandes proporções de países latino-americanos: Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Mas tudo isso é, ainda, somente a Grande Floresta Natural – porque, imersa nela e a recobrindo existe a outra – a Grande Dimensão Mítica que ela encerra e aqui e ali desvela, através de suas lendas, fábulas e oralidade. Sua fauna e sua flora oscilante, entre o natural e o sobrenatural.
Daí nossa maior riqueza – o nosso Imaginário, que, para além do universo físico, instalado no tempo espaço, nos permite ampliar fronteiras ilimitadas, recriar a vida, redimensionar o Cosmos.
Fazendo a muito grave ressalva de que as informações oficiais sobre a Amazônia são geralmente suspeitas, a partir de suas fontes – e flutuando entre a citada dimensão natural e uma dimensão histórica realmente merecedora de total confiança, apenas a título de curiosidades, fiquem com estas informações E façam com elas o que quiserem:
Em 1953, foi criada a Amazônia Legal – não confundir com a Floresta Natural – cobrindo área que abrange os estados do Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Dimensionada em relação a Amazônia Geográfica, com seus 53% do território brasileiro, a Legal compreende uns 61% de todo o Brasil.
E – segundo as boas intenções lançadas de praxe nos papeis oficiais – o objetivo foi “promover o desenvolvimento econômico e social da região”.
O que – como está se vendo desde sempre e desde então – jamais aconteceu e, por essas vias artificiosas bem-intencionadas, jamais virá a acontecer.
Ainda aparentando todas as boas intenções do mundo – aquelas de que o Inferno está cheio – o delírio vinha de muito antes. Pelo menos desde que D. Pedro I criou, no dia 5 de setembro de 1850, a Província do Amazonas.
Data que se estabeleceu como o “Dia da Amazônia”.
Você já ouviu falar nesse dia? Ouviu foguetes no ar, festa nacional ou mesmo apenas regional – e, sobretudo, tem motivo para comemorar?
A realidade ostensiva, mundialmente exposta aos olhos do mundo e à indiferença nacional, porém, é bem outra.
São os: desmatamentos. As queimadas brutais com omissão federal. As motosserras assassinando o reino vegetal, desabrigando os animais. A criação ávida e mercantil de pastos. A disputa de terras e os roubos dos pequenos assassinados pelo grande proprietário. O extermínio e o saque das culturas indígenas. A caça e a pesca ilegal – mas legalizada por interesses eleitorais, políticos.
Como se vê, ainda se presta alguma atenção com aqui e ali clamores contra o que se considera o pior inimigo na Floresta – o desmatamento.
E se 1995 foi catalogado como o ano em que ocorreu o maior desmatamento na Floresta Amazônica isso só tem crescido – com órgãos responsáveis e mantidos com critérios técnicos como o INPE, sendo desmontados e desacreditados pelo próprio Governo Federal desde a última demente eleição presidencial.
Nós, no Pará, temos a vergonha de ser o Estado que mais devasta a Amazônia.
E, não esqueça – se atualmente o vírus Covid nos ameaça asfixiar em cada esquina – associado a ele outra ameaça asfixiante paira sobre nós desde muito antes: – O desmatamento da Amazônia libera quantidade enorme de gases de efeito estufa. O que altera a defesa natural da Terra perfurando a camada de ozônio – denúncia que exausta adormeceu já até nos corações e mentes – e bocas – dos cientistas de todo o mundo.
Você ainda ouve falar de algo que há poucos anos aterrizou o planeta – aquecimento global?
Há, meramente, discursos anódinos – como os da França – também duras repreensões de impacto econômico – como os 3 bilhões de dólares destinados à proteção da floresta pela Noruega e a Alemanha – onde estive, na Universidade Livre de Berlim, faz alguns anos – fazendo a denúncia e a defesa poética e política da Grande Floresta – porque descrente dos cientistas eles queriam ouvir a verdadeira Amazônia da boca de um Poeta nascido, criado e vivendo na Bela Floresta.
A redução do desmatamento é ação mais urgente para o Brasil reduzir os seus níveis de emissão de gases e contribuir para a redução do efeito estufa e consequentemente do aquecimento global.
Grotescamente, um crime encobre o outro – assim como uma segunda dor no pé machucado reduz a sensação de uma primeira dor que se ainda está sentindo por haver batido a mão – os crimes contra a Amazônia são tão desmesurados que acabam por como que encobrir, minimizar, dissimular os outros crimes praticados contra outras regiões brasileiras – como a eliminação da Mata Atlântica, as queimadas imensas do Pantanal, a deterioração dos Pampas gaúchos e do Cerrado.
Imagino São Francisco de Assis, o Benigno, chegando hoje no Brasil e – como seria sua célebre oração?
– Senhor, onde houver fogo que eu leve água em abundância para apagar as chamas das florestas e tentar conter progressivo suicídio coletivo da extraviada espécie – desumana?
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