Algo acontece no reino situado entre Tamandaré e Fernando Guilhon, em Belém. Pode estar no açaí de cada canto, na música alta da noite, nas vilas e até na falta de abrigo de chuva no Portal. Mas está. Está ali um jeito diferente de ser. Algo alimenta a atmosfera jurunense de uma personalidade singular.
Você conhece alguém que seja muito tímido e ao mesmo tempo morador do bairro? O tímido do Jurunas é o equivalente ao extrovertido de muitos outros bairros. O jurunense médio é desinibido, faz amizade fácil, cria facilmente situações de humor e adora uma festa (dentro ou fora de casa). Domingo, Raça Negra e churrasco, é a cara do morador raiz. Reconheço um jurunense de longe, pela risada alta e engraçada.
Quando dirigia de motorista de app, reconhecia um quando era certo começar a me contar das coisas da sua vida sem pudor nenhum, como se fosse um amigo de anos. Também percebi que esse jeito de ser se encontra em todas as classes sociais do bairro. Do condômino ao periférico, sempre aquele “ei maninho” característico.
Tenho familiares no bairro e por isso vivi um pouco naquelas bandas. Minha principal lembrança é do mar de pipas no céu. Não só isso, os jurunenses carregavam consigo a honra de serem os imbatíveis na cidade quando o quesito era dar laço.
De fato, era difícil ficar em paz com sua pipa no céu por mais que 10 minutos, sempre aparecia uma enxerida para te atasanar e, enfim, cortar. Sem pipa, era bola na calçada, sem bola, era festa de alguma maneira. O jurunense sempre tem um motivo para festejar.
Reis do rock doido ou do churrascão de domingo, o jurunense é patrimônio da nossa cidade. O que explicaria serem tão diferentes?
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