Educadores de diversas escolas estaduais do Pará estão denunciando, em grupos de troca de mensagens, uma ordem supostamente emitida pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) para que diretores e diretoras elaborem uma lista de 15 servidores públicos, entre estatutários e terceirizados, com o objetivo de “prestigiar” o governador Helder Barbalho e seu candidato à prefeitura de Belém, Igor Normando, durante um evento em comemoração aos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O evento está marcado para amanhã, segunda-feira, dia 16, no Ginásio Mangueirinho, em Belém.
Áudios circulando nas redes sociais mostram a indignação dos profissionais da educação, que classificam a medida como um claro exemplo de abuso de poder e assédio moral. Um desses áudios foi encaminhado à vereadora e professora Silvia Letícia, coordenadora licenciada do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp).
No áudio, atribuído à direção da Escola Estadual Donatila, fica evidente a pressão para que os servidores compareçam ao evento, reforçando uma claque de apoio ao governo.
A vereadora Silvia Letícia reagiu prontamente às denúncias, prometendo levar o caso à frente. “Vamos denunciar à Seduc e exigir esclarecimentos. É inadmissível que o Estado utilize métodos coercitivos para obrigar seus funcionários a participar de eventos governamentais com claro viés eleitoral. O governador Helder Barbalho e o secretário Rossieli Soares têm muito a explicar. Assédio moral e abuso de poder são crimes”, destacou Silvia em declaração à reportagem.
Pressão e medo de represálias
O caso, que está ganhando grande repercussão entre os educadores e outros servidores públicos estaduais, levanta questionamentos sobre o uso da máquina pública para fins eleitorais e a pressão indevida sobre funcionários para participar de atos políticos disfarçados de eventos institucionais.
Muitos educadores demonstram temor de represálias caso se recusem a atender às ordens. “A gente se sente coagido. Não deveria ser assim, a gente está aqui para educar, não para fazer parte de campanha política”, desabafou uma professora, que preferiu não se identificar.
A situação coloca mais uma vez em evidência o delicado equilíbrio entre o exercício do poder público e as tentativas de interferência política em períodos eleitorais. A vereadora Silvia Letícia afirmou que o Sintepp irá acompanhar de perto as denúncias e promete pressionar o governo estadual para que os responsáveis pelo suposto assédio sejam responsabilizados.
O evento do IDEB, que deveria ser uma celebração dos avanços na educação, está se tornando uma nova fonte de polêmica no estado, com implicações que podem chegar aos tribunais.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) deve ficar em alerta para abuso de poder da máquina pública em favor do candidato do peito do governador, que está fazendo tudo para elegê-lo prefeito de Belém e dar as cartas no município, o que aliás já está fazendo, entrando em conflito com o ex-aliado e atual prefeito, Edmilson Rodrigues.
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