Beco do Carmo e Deck da Casa das 11 Janelas são os novos locais com obras de arte que emergem pelo centro histórico de Belém
Com a proposta de levar arte para todos os cantos da cidade, a Bienal das Amazônias está com ações ativadas no Complexo Feliz Lusitânia, Beco do Carmo e o Deck da Casa das 11 Janelas, na Cidade Velha. Esses espaços recebem o projeto “Emersões”, já aberto ao público, com obras de arte contemporânea interativas e performances que reforçam o conceito de ocupação contínua lançado na 1ª edição da Bienal das Amazônias, realizada entre agosto e novembro de 2023.
No completo Feliz Lusitânia está a obra do artista visual e poeta Hal Wildson (MT/GO). Instalado em frente ao Forte do Presépio – ponto turístico localizado no centro histórico que marca o berço da capital paraense – “Reflorestar o imaginário” é um projeto que propõe o plantio de 7 “árvorespoemas”, mudas de árvores nativas do território brasileiro que carregam poemas em forma de bandeiras. As frases hasteadas em cada muda de replantio refletem a percepção poética do artista, dialogando com o local.
A proposta do artista traduz a subversão e planta as raízes da revisão histórica. Se o Museu do Encontro, no Forte do Presépio, entende Hal Wildson, carrega o romantismo da pacificação entre os povos originários e os invasores europeus, mitos fundadores que ainda servem para a manutenção de um projeto violento de esquecimento, torna-se urgente “reflorestar” o imaginário das amazônias e produzir conhecimentos capazes de criar novos horizontes para além do apagamento que persiste desde 1500.
Ainda no Complexo Feliz Lusitânia, no Deck da Casa das 11 Janelas, uma obra interativa do Coletivo Lova Lova, da Guiana Francesa, chama a atenção de quem passa pelo local. Os dois Passe-Tete são uma provocação dos artistas Léa Magnien e Quentin Chantrel, com uma reflexão profunda sobre exotismo, erotismo e identidade em duas imagens que desafiam estereótipos culturais e revelam a visão crítica da representação do “Outro”.
Os Touloulous, personagens carnavalescos de Caiena, são reinventados como símbolos de resistência e crítica social. Os visitantes são instados não só a fazer parte da obra de arte como também a ampliar seu raio de ação, compartilhando fotos pelas redes sociais.
No Beco do Carmo, nas imediações da praça do mesmo nome, a intervenção do artista peruano Xomatok se destaca na paisagem da Cidade Velha. São explorações na alteração do espaço com foco na cor e sua relação com a humanidade.
Desde 2007 o artista se aventura na arte urbana, alcançando reconhecimento mundial. Ele possui obras famosas em cidades como Lima, no Peru, e também na capital mexicana. Em Belém, a intervenção foi realizada na casa do seu Bené, um dos moradores mais antigos do Beco do Carmo. A casa de madeira na área portuária, onde funciona um estabelecimento comercial e também é um ponto de encontro dos moradores para reuniões comunitárias, manifestações artísticas e culturais, recebeu pintura colorida especial que já é uma marca registrada do artista.
As três obras/intervenções podem ser visitadas de maneira gratuita.
Serviço
Obras Públicas Bienal das Amazônias
Reflorestar o Imaginário (Hal Wildson).Local: Jardim do Forte do Presépio, Complexo Feliz Lusitânia, Cidade Velha.Passe-Tete (Lova Lova)Local: Deck da Casa das 11 Janelas, Complexo Feliz Lusitânia, Cidade Velha.Sem título (Xomatok)Local: Beco do Carmo, Cidade Velha.