Raphael Vicente relatou que a sua casa no Complexo da Maré foi invadida por uma operação policial. Nesta quarta-feira, 18, o influenciador digital compartilhou um vídeo em suas redes sociais detalhando o ocorrido.
“Eu acordei hoje de manhã com uma mensagem da minha irmã que dizia o seguinte. ‘Bateram ‘fortão’ aqui na porta. Entraram e revistaram tudo. Eles perguntaram quem morava aqui. Só foram embora porque eu mostrei o seu Instagram. Isso aconteceu na minha casa hoje. E nos últimos 10 dias é o que está acontecendo na Maré, durante 6 dias [seguidos]”, disse.
De acordo com Raphael, a operação policial ocorre por seis dias. Nesse tempo, 44 escolas foram fechadas e mais de 18 mil estudantes ficaram sem aulas. “E olha que semana passada foi semana da criança. As crianças não tiveram festa na escola. As crianças não tiveram o dia do cabelo maluco, que todo mundo teve”, comentou.
No vídeo, o influenciador desabafou e disse que está cansado de ter que falar sobre o assunto que, segundo ela, tem sido recorrente na história da comunidade. “Isso não é uma coisa que começou semana passada não. Todo mês você vê notícias de crianças que foram mortas em favelas por operações policiais. Eu sei que a galera que me acompanha está cansada de me ouvir falar sobre isso, mas vocês podem ter certeza que mais cansado que vocês quem está é a galera que mora em comunidade”, pontua.
E diz ainda, “esta semana eu fiquei muito indignado porque eu vi o quanto as pessoas estão comovidas com uma guerra que está acontecendo em outro País e ignoram a guerra que está acontecendo no país delas”.
Raphael também questiona a eficácia das operações policiais e sugere que se elas realmente sanassem o problema, a Maré não teria mais tráfico. “Amor, se operação policial limpasse o tráfico mesmo, a Maré seria o lugar mais seguro para se viver. Eu não sei se vocês se lembram, mas, em 2014, houve uma ocupação aqui na Maré. As forças armadas ocuparam a Maré durante dois anos. O tráfico acabou?”, pergunta.
Por fim, o influenciador termina o vídeo com um apelo para as pessoas influentes que são de origem da Maré, pedindo para que elas mostrem como a comunidade é afetada por essas operações.
“É muito fácil pra mim que estou aqui em São Paulo gravando um filme, comover as pessoas e falar que eu cheguei até aqui porque eu sou cria da Maré, porque a favela venceu. A favela não venceu, eu venci. A minha favela está lá perdendo durante seis dias seguidos, durante anos, anos e anos. E por isso eu faço um apelo a todas pessoas influentes, que falam que são crias da Maré, a mostrar o que está acontecendo lá neste exato momento. O que realmente acontece em uma operação policial e o impacto disso na vida do pessoal que não venceu como a gente.” (AE)