Uma médica de 41 anos foi presa em flagrante na noite de domingo (22) após atacar com spray de pimenta uma família — incluindo uma criança de dois anos — durante uma missa na Catedral Nossa Senhora do Desterro, no centro de Jundiaí, interior de São Paulo. O episódio causou tumulto, deixou vários fiéis passando mal e levou à evacuação da igreja.
Segundo o boletim de ocorrência, a médica se irritou com o barulho feito pela criança enquanto ela brincava no corredor da igreja durante a celebração das 18h30. A mulher teria repreendido a menina e, momentos depois, disparou spray de pimenta contra ela e seus pais, uma empresária e seu marido. O ataque ocorreu pouco antes da bênção final.
A criança sofreu queimaduras nos lábios, forte crise de tosse, vômito e irritação ocular. Seus pais também foram atingidos e caíram no chão. Outras pessoas que estavam próximas foram afetadas pelo gás, incluindo uma gestante e um homem de 27 anos. A missa foi interrompida, e a catedral precisou ser esvaziada.
Segundo relatos, a menina ainda havia voltado até a agressora para se desculpar pelo suposto incômodo. Mesmo assim, o ataque foi desferido logo em seguida. A mãe correu com a filha para um hospital particular, onde ambas foram medicadas. Os três farão exames de corpo de delito.
Após o ataque, a médica deixou a igreja e, segundo testemunhas, ainda utilizou o spray contra pessoas em situação de rua. O carro onde ela estava foi cercado por fiéis indignados, que danificaram o veículo e chegaram a agredi-la. A Guarda Civil Municipal conteve a confusão e efetuou a prisão. O spray foi apreendido pela polícia.
A suspeita alegou à polícia que agiu em legítima defesa, afirmando ter se sentido ameaçada pela mãe da criança. No entanto, a versão foi contestada pelas vítimas e por testemunhas presentes. O caso foi registrado como lesão corporal, lesão corporal contra menor de idade e uso de gás tóxico ou asfixiante. A mulher passou por audiência de custódia nesta segunda-feira (23) e permanece à disposição da Justiça.
A Diocese de Jundiaí se manifestou por meio de nota, classificando o caso como uma “grave violência contra o espírito de comunhão, respeito e fraternidade que deve reinar nos espaços sagrados”. O bispo Dom Arnaldo Carvalheiro Neto expressou solidariedade às vítimas e reafirmou o compromisso da Igreja com a paz, a dignidade humana e a não violência. “Que este triste episódio desperte em nossa sociedade um renovado compromisso com a tolerância e o cuidado mútuo”, afirmou.
De acordo com o padre Sílvio Andrei, porta-voz da Diocese, as câmeras de segurança da igreja estavam desligadas no momento do ataque devido a uma manutenção interna. “Fomos todos pegos de surpresa. É um caso isolado, mas que exige reflexão sobre a necessidade de paciência e tolerância no convívio comum”, declarou.
Com informações de G e Metrópoles