A postura do presidente da Câmara Municipal de Belém, John Wayne, ao aprovar nesta quarta-feira, 16, um aumento salarial para o futuro prefeito, secretários e dos próprios vereadores que tomarão posse em 1º de janeiro de 2025, é um tapa na cara da sociedade. Tudo foi feito sem nenhum debate e de maneira apressada.
Trata-se de um fato escabroso e no mínimo questionável, além de preocupante. O fato de a votação ter ocorrido de forma relâmpago, sem dar aos vereadores o devido acesso prévio à pauta e ao projeto, sugere uma manobra que vai contra os princípios de transparência e diálogo que deveriam guiar o processo legislativo.
A aprovação desse reajuste, especialmente em um contexto onde os servidores municipais não recebem sequer um salário mínimo como vencimento base, revela uma disparidade gritante e um desrespeito às prioridades da cidade e da população. Parece uma tentativa de assegurar benefícios para a elite política, enquanto o restante dos trabalhadores segue com salários baixos e condições adversas.
Essa pressa toda levanta uma série de questões. Por que a urgência em aprovar um reajuste antes mesmo de o próximo prefeito assumir? Será que essa manobra é fruto de um acordo político, possivelmente para beneficiar futuras ambições de John Wayne? Os rumores de que ele possa ter o apoio do MDB para buscar cargos mais altos na política indicam que talvez esse aumento seja uma peça em um jogo maior de influência e poder.
O protesto de Silvia Letícia: “vou à justiça”
De acordo com um vídeo divulgado nas redes sociais pela vereadora Silvia Letícia, do PSOL a vergonhosa votação, a “toque de caixa”, seguiu o velho estilo político do “quem concorda, permaneça como está” e logo em seguida, com a aprovação da maioria calada, a patética sessão foi encerrada. O regimento da Câmara foi rasgado por John Wayne e ficou por isso mesmo. Menos para a vereadora psolista.
“Vamos recorrer dessa decisão. Não defendemos privilégios. É um absurdo que os servidores municipais não recebam um salário mínimo como vencimento base, enquanto a próxima legislatura, e membros do poder executivo receberão reajuste salarial. Se não conseguirmos reverter essa situação judicialmente, o prefeito de Belém deve vetar essa medida inaceitável”, afirmou Sílvia Letícia.
A crítica dela e o compromisso de recorrer à justiça são passos importantes para tentar barrar uma medida que, claramente, não beneficia a maioria da população. Além disso, a ideia de pressionar o próximo prefeito para vetar esse reajuste mostra que ainda há meios de resistência contra esse tipo de manobra.
No fim, o que está em jogo é a confiança da população na Câmara Municipal e na política local. Se decisões tão importantes são tomadas à surdina, sem discussão e com claros indícios de interesses ocultos, como esperar que os cidadãos acreditem que seus representantes estão ali para defender seus interesses?
Cabe a pergunta: afinal, são vereadores que representam a população ou apenas “vacas de presépio” a serviço de interesses dos poderosos?