Pode não ser tão simples quanto parece, mas ainda é um bom negócio investir em uma loja virtual.
A questão principal é a dificuldade que alguns empreendedores têm em entender que uma loja digital também é uma empresa e que precisa ser levada com a mesma seriedade e comprometimento que uma loja física, estabelecida na rua ou em um Shopping.
Em alguns casos, é ainda mais importante realizar um planejamento e estudo de mercado antes de começar.
Gigantes podem ser problema
Há muitas vantagens em vender online, mas há revezes e é necessário estar preparado para eles.
Enquanto uma loja física pode vender produtos de marcas conhecidas e obter muito sucesso, quem pretende abrir um e-commerce precisa saber que, quanto mais famosa for a marca, mais difícil pode ser realizar uma venda.
Os melhores perfumes masculinos e femininos podem ser encontrados em lojas e marketplaces famosíssimos, como a Sephora, ou até mesmo em lojas próprias das suas respectivas marcas, como a Boticário, por exemplo.
As principais marcas de tênis, provavelmente, estarão disponíveis na Netshoes por preços bem melhores do que em lojas virtuais que estão apenas começando.
O poder de barganha dessas lojas é muito grande, além do fato de muitas delas funcionarem como marketplaces, gerando uma concorrência enorme dentro da própria plataforma.
Não é 100%
Quem começa, muitas vezes segue a mesma premissa utilizada por quem realiza vendas diretas, de forma autônoma.
Coloca 100% sobre o valor do produto e acredita que está lucrando o dobro do que investiu. A conta não bate, mesmo quando as vendas ainda são analógicas.
Quando vão para o cenário digital, as transações envolvem custos muito parecidos com os das vendas em lojas físicas, mas há, também, outros investimentos que são necessários para quem quer obter sucesso no negócio.
Assim como lojas tradicionais precisam utilizar sistemas de pagamento como a Moderninha ou a maquininha Ton, quem tem um e-commerce também precisa utilizar sistemas de pagamentos que se integrem à loja, e, da mesma forma que as maquininhas de pagamento tradicionais envolvem algumas cobranças de taxas e tarifas, os meios digitais também acabam ficando com uma parte do valor pago pelos clientes, então é preciso fazer a diferenciação de faturamento e lucro, inclusive nessa situação.
Impossível parar
Outro aspecto que não pode ser negligenciado por quem deseja ter uma loja virtual são os custos relacionados ao marketing do negócio.
Diferentemente de uma loja fisicamente estabelecida, uma loja virtual não conta com a possibilidade dos clientes passarem na frente da porta e decidirem comprar alguma coisa.
Para vender online, é preciso aparecer, e aparecer na internet está se tornando algo cada vez mais caro – por mais dura que seja essa verdade.
O ideal, para quem não possui nenhuma experiência com marketing digital, é contar com o apoio de uma agência especializada em e-commerce, mas para quem já tem um pouco de noção sobre como movimentar as redes sociais e fazer alguns tipos de ações de marketing, também é possível utilizar ferramentas como o Leadlovers, o Postgrain e o RDStation, que auxiliam bastante no gerenciamento e na efetividade das campanhas.
Dito isso, é importante salientar que, tanto a contratação de uma agência quanto a utilização de ferramentas envolve um investimento vitalício.
Não é possível parar.
Parando, as vendas tendem a diminuir e, em casos mais extremos, cessar completamente.
Cuidado ao crescer
Diferentemente do que acontece em lojas físicas, onde, geralmente, o vendedor é a peça chave do negócio, no e-commerce há muitas outras funções.
Além dos vendedores e atendentes, geralmente atuantes nas redes sociais, telefone, chat da loja e, principalmente, WhatsApp, também é preciso ter alguém responsável pela logística, que prepare os pedidos para envio, que realize as postagens e que cuide das trocas e devoluções.
Se não houver uma agência de marketing envolvida com a empresa, também será necessário contar com profissionais para gerenciar as publicações nas redes, elaborar e-mails marketing, além de criar banners e peças promocionais.
Quanto mais sucesso a loja tiver, mais será necessário contar com funcionários. São mais envios, mais pessoas chamando nas redes sociais e no Whatsapp, mais devoluções e trocas, entre diversas outras tarefas que são cada vez mais necessárias de acordo com o crescimento da empresa.
Um erro comum é não aumentar a margem de lucro dos produtos enquanto esse crescimento acontece.
Segundo Maurício Souza, advogado trabalhista, contratar um funcionário, ainda que ele receba apenas um salário mínimo (valor não comumente praticado no mercado digital), custa cerca de R$2000 por mês. Isso sem contabilizar benefícios como vale-alimentação, refeição, transporte e plano de saúde.
Dependendo do ticket médio e da margem de lucro do produto, isso pode representar centenas de vendas.
Quanto mais aumentam as vendas, mais aumenta a necessidade de contratar mais funcionários – exceto se a precificação for revista. Então, trata-se do que pode se tornar um círculo vicioso em que, quanto mais vendas ocorrem, maior se torna o prejuízo do empresário.
Motivos para tentar
Compreender os obstáculos para o sucesso de um e-commerce pode ser difícil e causar resistência em muitas pessoas.
Alguns vão desistir e outros vão insistir em utilizar métodos não validados, acreditando apenas na intuição e correndo o risco sério de não conseguir manter o negócio vivo por mais de 1 ano.
Para balancear a equação, alguns vão focar no aprendizado e na ajuda de especialistas para conseguir obter sucesso. Para estes, a expectativa é muito positiva:
Uma pesquisa divulgada pela Opinion Box revelou que a estimativa é de que o faturamento do e-commerce, em 2024, seja de R$ 205,11 bilhões – 10,45% a mais do que a previsão de vendas para 2023.
Devem acontecer mais de 418,6 milhões de pedidos pela internet, com ticket médio de cerca de R$ 490.
O número de pessoas comprando online, também deve aumentar. Este ano, a perspectiva é que 91 milhões de consumidores utilizem a internet para realizar suas compras.
Redação: Bruna Bozano.