O vaqueiro Cleiton Soares, acusado de matar o casal de fazendeiros João e Anita Valadares, em Canaã dos Carajás, no sudeste paraense, completou 18 anos dois dias após cometer os crimes e, pela lei brasileira, deve responder ao processo como menor infrator.
Ele se entregou à Polícia Militar na tarde de domingo (26), quatro dias depois de matar a tiros de espingarda os dois patrões, crimes que ele confessou em um vídeo gravado no momento da apreensão, na comunidade Colônia Jaú, em Santa Maria das Barreiras, a mais de 350 quilômetros do local dos homicídios e mais de 1 mil km de Belém.
Segundo a PM, o vaqueiro procurou ajuda na comunidade depois de escapar de uma perseguição policial e entrar na mata, juntamente com outro homem, que foi preso. Os dois estavam em um veículo Fiat Uno, que havia sido roubado da fazenda do casal assassinado. Dentro do veículo foram recuperados documentos e pertences das vítimas.
No vídeo gravado no momento da apreensão, o vaqueiro disse que matou os patrões porque pensava que iria ser morto pelo fazendeiro, depois de um desentendimento entre eles dentro da casa da fazenda. Segundo o vaqueiro, ele saiu para caçar à noite com uma espingarda, quando o patrão teria ido atrás dele, também com uma espingarda. Ao se sentir ameaçado, ele disse que atirou no patrão e também matou a mulher porque ela estava ao lado do marido.
Militares do 22° Batalhão conduziram o vaqueiro para a Delegacia da Polícia Civil de Redenção, no sul do Pará. Segundo os militares, pelo documento que apresentou, no dia do crime (22) o vaqueiro tinha 17 anos e só completou a maioridade no último dia 24.
O inquérito policial vai esclarecer se o vaqueiro agiu sozinho ou teve ajuda de alguém, pois as informações preliminares eram de que os corpos do fazendeiro e da mulher foram encontrados pelos filhos dentro da sede da fazenda, enrolados em uma lona, embaixo de uma cama. Ocorre que Cleiton Soares disse que matou os dois fora da fazenda. Ele pode ter tido ajuda de alguém para carregar os corpos para dentro da casa e colocá-los embaixo da cama.
O vaqueiro deve ser indiciado como menor infrator, no crime de latrocínio, pois após matar o casal roubou pertences e o carro das vítimas. Pela lei brasileira, deve cumprir medida sócio educativa até completar 21 anos, quando será liberado e terá a ficha criminal limpa.
O crime
Na véspera de Natal, um achado macabro abalou a população de Canaã dos Carajás, no sudeste paraense: os corpos do fazendeiro João Valadares, de 58 anos, e da mulher dele, Anita Valadares, de 54, foram encontrados pelos filhos em estado de decomposição, dentro da fazenda do casal, na Vila Feitosa, zona rural do município.
O principal suspeito do duplo homicídio era o vaqueiro que trabalhava para o casal e que estava foragido. Ele teria assassinado os patrões a tiros e abandonado a propriedade em seguida.
A Polícia Civil local foi avisada do crime pelos filhos do casal e iniciou as investigações, enquanto os corpos eram removidos para o Instituto Médico Legal. Segundo informações repassadas aos policiais pela família, o casal estava sem dar notícias desde a noite de quarta-feira (22), quando o pai manteve contato com os filhos através de aplicativo de mensagens.
É provável que as mortes tenham acontecido após aquele momento, porque logo depois, os dois pararam de atender as ligações e não responderam as mensagens. Na sexta-feira (24), familiares foram até a fazenda do casal, quando encontraram os corpos já em decomposição.
Segundo a polícia, a filha mais nova do casal foi a primeira a ver os corpos e entrou em choque. Os dois devem ter sido mortos de surpresa, pois não havia sinais de luta, nem de invasão da fazenda.
O principal suspeito do crime, o vaqueiro Cleiton, morava na propriedade do casal, junto com a mulher e a filha dele. Ambos tinham sumido e a família ofereceu recompensa de R$ 10 mil para quem encontrá-los, quantia que depois dobrou para R$ 20 mil.