A milionária propaganda oficial, divulgada repetitivamente nos grupos de comunicação amigos, no da família Barbalho e também na emissora do Estado – que deveria servir para outro fim – dá a entender que as seis Usinais da Paz projetadas na Região Metropolitana de Belém e no interior do Pará, têm como pai das crianças o governador Helder Barbalho (MDB).
Mas isso não é completamente verdadeiro. Pelo menos é o que afirma a mineradora Vale em seu site oficial. A empresa enfatiza que o seu investimento nos projetos das Usinas da Paz no Pará foi de 100 milhões de reais e entrou com tudo o que foi necessário para executá-lo, sem tocar em qualquer tipo de contrapartida do governo do Estado.
Se a empresa entrou com os 100 milhões, os projetos de engenharia e outros indispensáveis, e as prefeituras entraram com os terrenos, tem muita gente querendo saber qual foi a fatia liberada pelo Estado para o governador se julgar “dono” das obras. Mas essa questão a própria Vale esclareceu: apenas “a gestão e administração (das usinas) são realizadas pelo governo do Estado do Pará”.
Em seu site, a empresa destaca: “Usinas da Paz: contribuição da Vale para o fortalecimento de ações sociais e da segurança pública no Pará. Em parceria firmada com o governo do Estado do Pará, a Vale está investindo R$ 100 milhões na construção de seis Usinas da Paz, projeto integrado ao programa estadual Territórios Pela Paz (TerPaz).
O TerPaz é uma iniciativa inovadora no Brasil que busca a melhoria da segurança pública, por meio do empoderamento comunitário e do resgate da cidadania”. Segundo a mineradora, trata-se de “uma obra em sintonia com o ambiente. Ao ser convidada para atuar como parceira da iniciativa, a Vale se propôs não apenas a executar a construção das usinas, mas a pensar em um projeto arquitetônico que dialogasse com o ambiente local de forma sustentável, favorecendo a integração e a convivência comunitária”.
A empresa vai além: “Coordenado pela equipe de arquitetura da Bel Lobo, a concepção do projeto envolveu também engenheiros e educadores, que buscaram a síntese entre acolhimento e pertencimento. Os ambientes abertos e de fácil circulação foram pensados para projetar fluidez e facilitar a circulação, estimulando o uso compartilhado.
O projeto se adapta às características climáticas da Região Amazônica, com chuvas durante todo o ano e altas temperaturas. Neste sentido, as áreas de circulação dentro dos prédios da usina contam com iluminação e ventilação natural.
Os ambientes foram projetados para também incentivar a sustentabilidade, permitindo o aproveitamento da energia solar, captação de água e gestão do lixo”.
A mineradora firma ainda: “A Vale é a responsável pelos projetos executivos e investimento para a construção de seis unidades. Dois complexos já estão em funcionamento: o do Icuí-Guajará, localizado no município de Ananindeua e inaugurado em outubro de 2021; e o do bairro da Cabanagem, em Belém, entregue em janeiro de 2022.
Mais quatro: Benguí (Belém), Nova União (Marituba), Parauapebas e Canaã dos Carajás (ambas no sudeste do Estado), também com entrega prevista em 2022”.
Luís Santiago, diretor de Relações institucionais da Vale, explica que “é possível transformar o futuro quando atuamos em conjunto com as comunidades e governos locais, investindo em iniciativas que promovem a inclusão, o exercício da cidadania e que contribuem para a melhoria da segurança pública, como é o caso das Usinas da Paz”.
Um projeto que fortalece comunidades em áreas de risco social
Ainda de acordo com o site da Vale, “as usinas são espaços comunitários inclusivos, destinados a atender as comunidades com oferta de serviços públicos nas áreas de educação, saúde, esporte e lazer, promovendo o desenvolvimento social da região”.
Na Usina Icuí-Guajará, o atendimento ao público acontece respeitando as normas de saúde e segurança. O espaço apresenta instalações de dois prédios principais que ofertam cursos, oficinas, espaço para batedores de açaí, teatro, complexo poliesportivo, quadra de areia, piscina semiolímpica, playground, área viveiro, compostagem e horta, academia ao ar livre e estacionamento. Por fim, a Vale diz que a gestão e administração das usinas são realizadas pelo governo do Estado do Pará.
Então, fica claro que essa é a única parceria entre ambos, nesse projeto. A Vale fez as crianças e entregou para o Estado do Pará criar. E Helder se diz o pai, mas o exame de DNA prova que o governador pode ser o padrasto, menos o pai.