Os militares do Exército, Marinha e Aeronáutica, durante 24 dias seguidos, estarão envolvidos em ações de patrulhamento, revistas de suspeitos, prisões em flagrante, controle de perímetros e segurança de instalações estratégicas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai decretar a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em Belém durante todo o período da COP30, atendendo a um pedido formal do governador Helder Barbalho. A decisão — que terá vigência de 6 a 30 de novembro de 2025 — representa uma das maiores mobilizações de segurança já realizadas na região Norte e marca a presença direta das Forças Armadas no controle e proteção da capital paraense, que sediará um dos eventos mais importantes da agenda climática mundial.
Helder Barbalho confirmou nesta quarta-feira (29) que a medida foi articulada entre o governo estadual e o Palácio do Planalto. “Haverá GLO. Combinamos com as Forças Armadas. A demanda obrigatoriamente precisa ser do estado”, afirmou o governador, ressaltando que a atuação militar será coordenada com as forças de segurança locais, como a Polícia Militar, a Polícia Civil e os órgãos federais de inteligência.
A GLO é um instrumento previsto na Constituição Federal que autoriza o emprego das Forças Armadas — Exército, Marinha e Aeronáutica — em situações excepcionais, quando há ameaça à ordem pública ou esgotamento das forças policiais. Ao ser decretada, ela concede aos militares poderes de polícia, permitindo ações de patrulhamento, revistas, prisões em flagrante, controle de perímetros e segurança de instalações estratégicas.
Na prática, isso significa que Belém passará, durante a COP30, a ter um esquema de segurança semelhante ao de uma operação de guerra preventiva: com vigilância aérea, monitoramento eletrônico de áreas sensíveis, barreiras em pontos estratégicos e presença ostensiva de tropas nas principais vias de acesso e locais do evento.
Tensão e ameaças
A decisão de Lula e Helder Barbalho vem em meio a um cenário nacional de extrema tensão. No Rio de Janeiro, mais de 120 pessoas morreram em confrontos recentes entre facções criminosas e forças policiais, em uma das maiores operações da história da cidade. Relatórios de inteligência apontam que o Comando Vermelho (CV), a mais poderosa facção do país, estaria tentando demonstrar força e capacidade de desestabilização em várias regiões, inclusive fora do eixo Rio–São Paulo.
Essas ameaças, segundo fontes da segurança federal, pairam sobre a realização da COP30, evento que reunirá chefes de Estado, ministros e delegações de quase 200 países, tornando Belém um alvo simbólico de grande visibilidade internacional.
O decreto de GLO, portanto, funciona como uma blindagem institucional e operacional, permitindo que o governo federal atue de maneira direta e integrada na defesa da cidade. Além do reforço militar, haverá o envolvimento da Abin, Polícia Federal e Força Nacional, criando um sistema de inteligência e resposta rápida para prevenir qualquer tentativa de ataque, sabotagem ou perturbação da ordem.
Os efeitos positivos da GLO vão muito além do aspecto policial. A presença das Forças Armadas traz estabilidade e confiança internacional, demonstrando que o Brasil tem controle sobre sua segurança interna e capacidade de proteger seus visitantes. Para a população de Belém, isso se traduz em redução de índices de criminalidade, aumento do policiamento ostensivo e sensação de segurança nas áreas urbanas mais vulneráveis.
Estratégia de segurança
Durante grandes eventos internacionais no passado — como a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016 e a reunião do G20 em 2024 — a aplicação da GLO foi decisiva para conter ameaças, evitar tumultos e garantir o funcionamento da logística de transporte, energia e comunicação.
Ao adotar a mesma estratégia em Belém, o governo Lula busca assegurar que a COP30 transcorra sem incidentes e sob um clima de tranquilidade política e diplomática, o que será fundamental para a imagem do Brasil como anfitrião de uma conferência ambiental que pode redefinir o papel da Amazônia no debate global sobre o clima.
Em síntese, a GLO da COP30 não é apenas uma operação militar: é uma demonstração de soberania, organização e maturidade institucional diante de um mundo em crise. Em tempos em que facções criminosas desafiam o Estado e a violência urbana ameaça se tornar endêmica, a medida representa uma clara mensagem — o Brasil não se curvará ao poder paralelo, nem permitirá que o medo obscureça o palco da diplomacia ambiental.














