Se no passado a interferência humana no meio natural representava sinais de progresso, por meio de estruturas urbanas, hoje o paradigma da sustentabilidade requer pensar a cidade em seus múltiplos aspectos físicos e humanos de maneira interconectada, como um sistema que atua em diversas escalas.
Tal horizonte de pensamento possibilitaria pensar cada vez mais na arborização de Belém que, ao contrário de muitas capitais, ainda peca nesse quesito. Em resumo, progresso e meio ambiente não podem ser rivais.
O verão já começa a dar seu recado: nessa segunda-feira, 24, tivemos a sensação térmica de incríveis 38 graus, com temperatura máxima de 33°. Quem esteve na rua depois do meio-dia, penou com a “lua”. Parte desse aperreio todo é agravado pela perda de vegetação.
Na construção do BRT, por exemplo, foi insignificante a reposição de árvores, mesmo sob diversas promessas da gestão municipal à época. Do pouco que foi reposto, em geral pés de Ipê, muitos morreram ou foram arrancados. Os que resistem é pouquíssimo representativo.
Então, resta ao belemense se adequar. Nesse período as roupas começam a ficar mais curtas. Algumas mulheres abandonam o sutiã e os homens escolhem as regatas ou mesmo tiram a camisa. A sombrinha e o chapéu viram itens de sobrevivência, já a máscara vira vilã. O lugar sentado na janela do lado da sombra vira privilégio e, se prepare: a conta de água e luz vem arrasando os bolsos.
Os empresários de clubes e restaurantes, próximo de praias, se animam. O vendedor de água no sinal fica com o sorriso largo e até faz promoção. Há torcida para que o homem do chopp suba no ônibus. Passar na frente do Bosque Rodrigues Alves é como estar no oásis.
Belém clama por mais árvores, não só para fazer jus à região que está situada, mas também por mais saúde, menos estresse e mais conforto. A nova gestão tem a missão de fazer a cidade se encontrar consigo mesma. A hora é agora.
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