Por Felipe Rosa Mendes
Se em 2002 a seleção brasileira faturou o pentacampeonato com a “família Scolari”, o time nacional comandado por Tite quer, 20 anos depois, sonhar com o título da Copa do Mundo do Catar na base da “equipe solidária”. É neste clima de união que o treinador pretende orientar o time na reta final da preparação para o Mundial marcado para novembro e dezembro deste ano.
No amistoso com a Coreia do Sul, na quinta-feira, o lado solidário foi a marca do time em campo, na avaliação do próprio Tite. “Quando o atleta entra com o aspecto solidário que teve o Gabriel Jesus… Antes de marcar o gol, ele baixou (a linha) duas ou três vezes e fez cobertura de bola do outro lado, depois chegou na frente”, comentou.
Para o treinador, o esforço e a disposição dos jogadores em campo é reflexo direto da amizade fora dos gramados. “É porque eles se gostam. E quando tem um time que se gosta, que tem amizade, ele está muito mais perto de fazer algo a mais”, afirmou.
Esse “algo a mais” pode ser um passe mais preciso, uma corrida mais forte para alcançar a bola, a assistência decisiva. “É conhecer o que é o futebol. Quando tu está propenso a fazer uma cobertura, uma relação está se formando no grupo. Temos uma equipe bastante solidária.”
A solidariedade, na avaliação do técnico, foi vista em campo também no empenho daqueles que estiveram na final da Liga dos Campeões, no sábado passado. O volante Casemiro, do Real Madrid, chegou a ser titular na quinta, apenas dois dias após se apresentar ao time nacional, apesar da temporada desgastante e da viagem longa até Seul. Outros entraram somente no segundo tempo e não deixaram o nível de atuação da seleção baixar.
Faltando cinco meses para a Copa do Mundo, o técnico aposta neste esforço extra dos atletas para consolidar a amizade do grupo na busca por acertar os detalhes da seleção e fortalecer o entrosamento. A boa relação dentro do elenco pôde ser constatada no fim de semana, quando os jogadores aproveitaram horas de folga juntos em passeios pela capital sul-coreana e até uma visita a um parque de diversões.
Tite se diz satisfeito com essa amizade, mas destaca que tenta não interferir nestes vínculos, diferentemente da famosa “família Scolari”. “Eu não sou um cara invasivo, tento ser mais discreto, meu estilo é de falar, dizer, não ficar toda hora enchendo o saco, vai pra lá, vem pra cá. Mas fomentar esse estilo de relação.”
Para tanto, ele conta com o apoio de Juninho Paulista, coordenador de seleções da CBF, e do auxiliar técnico César Sampaio, ambos com passagem pelo time nacional como jogadores. “Eu não tenho esse lugar de fala, mas tem dois jogadores de seleção brasileira, um campeão do mundo, que têm lugar de fala, sabem a importância de ter esse tipo de relação.”
Com este ambiente favorável, Tite vai fechar nos próximos meses o grupo que defenderá as cores nacionais na Copa do Mundo. Ao contrário do seu primeiro Mundial, quando teve pouco mais de um ano e meio para dar a sua cara ao time, desta vez ele contou com o ciclo completo. E pode levar em consideração a amizade entre os jogadores na hora de decidir quem arrumará as malas para o Catar.
(AE)