O resultado de um julgamento realizado ontem pelo Tribunal do Júri de Belém, que beneficiou o assassino, provocou grande revolta na família e amigos da vítima, assim como nas pessoas que aguardavam o veredicto.
Uma tese polêmica, mas ainda em vigor no Código de Processo Penal Brasileiro, de “violenta emoção”, seguida da “injusta provocação da vítima”, prevaleceu no Tribunal do Júri, presidido pela juíza Ângela Alice Tuma, e o réu Thiago Silva de Andrade foi condenado a cumprir apenas 5 anos e 10 meses de prisão, por homicídio privilegiado, em regime semiaberto.
O motivo do crime foi uma discussão por causa de futebol. O assassino, que trabalhava como vigilante, tinha porte de arma e é torcedor do Clube do Remo, não aceitou as provocações após a derrota do time dele para o Sampaio Correa e desferiu 8 tiros no motorista Ricardo Evandro dos Santos Silva.
O crime ocorreu no dia 2 de setembro de 2017, quando o motorista estava com amigos em um bar da Rua da Mata, no Bairro da Marambaia, festejando a vitória do Sampaio por 2 a 1, no Estádio Mangueirão, pelo Campeonato Brasileiro da Série C.
O vigilante passava na hora e sem mais nem menos iniciou uma discussão com o motorista e outro amigo, torcedor do Paysandu, que estavam no bar se divertindo. Depois da discussão, o assassino foi na casa dele, pegou uma pistola calibre 380, voltou para o bar e atirou 8 vezes na vítima, sem dar a menor chance de defesa. Depois ele fugiu do local para evitar a prisão em flagrante, por conhecer a lei.
No seu interrogatório, o réu alegou que foi provocado por um vizinho e que a vítima se meteu na discussão, por isso desferiu dois tiros nele, que caiu na hora. Depois ele desferiu mais seis tiros, porque “continuou sendo provocado”. Quando esgotou o prazo do flagrante, o assassino se apresentou na Delegacia Seccional da Marambaia acompanhado de um advogado.
O vigilante respondeu todo o processo em liberdade e ainda tem o direito de permanecer solto caso queira recorrer da sentença. A vítima deixou duas filhas órfãs. Na frente do Tribunal do Juri, os familiares da vítimas demonstraram grande indignação e afirmaram que vão recorrer da sentença com apoio do Ministério Público.