O clima continua pesado, tenso, e ninguém é capaz de prever o que poderá acontecer nos próximos dias, segundo ribeirinho e quilombolas do Acará. Eles voltam a denunciar que a Agropalma, utilizando seguranças armados da empresa Prossegur, resolveu aumentar as ameaças contra quem navega pelo Rio Acará, seja para pescar ou conduzir crianças às escolas da região.
“Os segurança, armados com espingardas calibre 12, passaram agora a dar tiros, durante os períodos da tarde e noite, fechando o Rio Acará, para impedir que as comunidades realizem seus afazeres”, denuncia Joaquim dos Santos Pimenta, presidente da Associação dos Ribeirinhos, Quilombolas, Agricultores Familiares e Pescadores do Vale do Acará (ARQVA).
Segundo Joaquim Pimenta, a Prossegur decidiu fazer rondas diárias no rio e age como se a Agropalma fosse a proprietária das águas, nascentes, rios e igarapés da região. “O terror aumentou sobre os moradores da Comunidade da Balsa, intimidados com tiros e preocupados em sair de suas casas em busca do ganha-pão, ou levar os filhos à escola”, enfatiza.
O barco que transporta estudantes durante a madrugada, para chegar ao amanhecer na escola, corre o risco de ser atingido pelos tiros dos capangas da Agropalma, numa completa violação aos direitos humanos, de ir e vir e também de acesso à educação. Joaquim contou ao Ver-o-Fato que pais e mães foram até a sede da ARQVA denunciar o que está ocorrendo e pedir socorro.
Os tiros partem de postos de vigilância armada da Prossegur instalados nas margens do Rio Acará, causando pânico nos moradores. Ainda de acordo com o líder comunitário, as autoridades do Ministério Público, Defensoria Pública, Delegacia do Meio Ambiente e Polícia Civil precisam intervir com urgência na região para evitar o pior.
Pescadores que neste sábado, 30, estavam com vinte malhadeiras na água tiveram que abandonar às pressas seus equipamentos, sob tiros dos seguranças da empresa. Eles foram avisados de que não devem voltar mais ao local, porque desta fez os tiros não serão mais para o alto e sim para acertá-los.
Revoltados com a ação dos seguranças, moradores estão se organizando para reagir aos ataques. Para eles, o governo do estado está totalmente ausente da região, como se estivesse nem aí para as comunidades.
“Peço também que a Secretaria de Direitos Humanos mande observadores e tome as medidas cabíveis, pois corremos risco de morte. Precisamos viver em paz, manter nossos filhos em segurança e também concluir os estudos. Chega de tantas arbitrariedades”, resume Joaquim Pimenta.