Francisco Sidou – jornalista
Mesmo distante de Belém, passando uma temporada de “férias de jornalista aposentado” em São José dos Campos (SP), estou antenado com o que se passa em nossa querida Cidade Morena. Como dizia o grande José Saramago,´” é preciso sair da Ilha para mais valorizar sua Ilha”. É o meu caso. Saí de Belém, mas Belém – com a magia de seus encantos, cheiros, sabores e cores – não saiu nem vai sair de mim. Por isso, vou continuar minha “saga” ou sina (?) de cronista não oficial da cidade, uma espécie de “bradador no deserto” de Ideias e Projetos para Belém.
Como o nosso prefeito Edmilson Rodrigues anunciou como mote de sua gestão “a Belém das Novas Ideias e Projetos” senti um novo alento em continuar “bradando”. E o meu brado de hoje é sobre a viabilidade técnica e econômica de se reaproveitar o falido Projeto BRT-Belém, que já se demora em obras inconclusas por 12 longos anos, e continua atrapalhando o tráfego ao invés de desafogá-lo como deveria ser sua missão.
Monstrengo que já nasceu com vícios de planejamento e desvios de recursos, o BRT-Belém “foi concebido em pecado original” e já devorou mais de 450 milhões de reais de dinheiro público. Dar continuidade a um projeto defasado em pelo menos 20 anos como solução para os problemas de mobilidade urbana não é a saída mais adequada. Será apenas insistir no erro e desperdiçar mais recursos.
O Projeto Linha Verde, ora sendo implementado em São José dos Campos, virou uma referência nacional como solução para o transporte público em grandes núcleos urbanos. Com tecnologia inovadora, o novo sistema irá operar inicialmente com 12 Veículos Leves sobre Pneus (VLP), que são ônibus elétricos especiais (foto acima), climatizados e dotados de sistema automático de higienização contra vírus, fungos e bactérias, mecanismo que dispara de 3 em 3 minutos.
São frequentes aqui as visitas de técnicos em mobilidade urbana de outras cidades para conhecer em detalhes o Projeto Linha Verde, desde sua moderna concepção, passando pelos estudos e elaboração do projeto, edital e até sua operação, com os veículos elétricos circulando em faixa exclusiva. Semana passada, técnicos do governo do Estado de Mato Grosso estiveram aqui debatendo com técnicos envolvidos no Projeto Linha Verde, sua possível adaptação ao fracassado Projeto BRT-Cuiabá, iniciado em 2010 para a Copa do Mundo 2014 e também jamais concluído como o de Belém, exibindo também ali, qual fratura exposta, o descaso com o dinheiro público.
Os técnicos vão agora trabalhar na adaptação do ultrapassado BRT de Cuiabá em moderno Sistema VLP , operado com ônibus elétricos com baterias recarregáveis e tetos captadores de energia solar. Um tremendo salto em moderna gestão de mobilidade urbana. Conversando com os técnicos da Semob daqui, fiquei sabendo , por exemplo, que os VLPs irão operar em plataformas com espessura de 25 cm de concreto.
Resta dizer que as pistas do BRT têm 30 cm de concreto. Logo, como admitiu em entrevista ao programa “Linha de Tiro” o mestre Nagib Charone, “as pistas do BRT, exageradamente altas, comportariam até trilhos de um sistema de metrô de superfície. Logo, os VLPs também. Sem querer contestar os PHDs da Semob, ouso sugerir ao prefeito Edmilson Rodrigues que mande uma equipe técnica da gestão Belém de Nova Ideias a São José dos Campos para debater com a equipe do Projeto Linha Verde, em fase de conclusão, a possível adaptação do BRT-Belém ao novo e moderno Sistema.
Além do mais, uma “Linha Verde” combinaria bem mais com Belém, pois não ? Em tempo: em visita à Semob daqui, onde fui muito bem recebido apenas como jornalista, sem qualquer credenciamento oficial, consegui falar com o secretário e ele me repassou o contato do prefeito Felício Ramuth, com seu consentimento, claro, e com a informação de que receberia o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues e sua equipe técnica, com tapete vermelho aqui em São José dos Campos.
Já repassei esse contato ao prefeito de Belém. Levantei a bola, só falta ele cortar….
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