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Está provado: os maiores conspiradores contra o sucesso do futebol do Pará – apesar de tanto descaso, o Mangueirão está sempre lotado pelas torcidas de Remo e Paysandu – estão encastelados em órgãos públicos. Eles tudo fazem, até comprometem o bom nome do Pará lá fora, para demonstrar que são incapazes de trabalhar em favor da população atraída para grandes espetáculos.
Quem foi assistir ao jogo entre Paysandu e Fluminense (RJ), ontem à noite, no Mangueirão, sofreu bastante e testemunhou a total falta de organização no acesso de veículos no entorno e estacionamentos do estádio. O maior de todos os fiascos na bagunça que se formou tem nome: chama-se Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), uma entidade quase fantasma no caótico trânsito da capital paraense.
Não se pode admitir que apenas seis ou oito homens tenham sido designados para fazer fluir o acesso de milhares de veículos ao local da partida, desdobrando-se entre gritos e apitos, para orientar os motoristas. Duas horas antes da partida já era um tormento cultivar tanta paciência em filas quilométricas nas vias de acesso ao estádio.
Sitiada pela obra inacabada do BRT, a avenida Augusto Montenegro era sinônimo de caos. Ninguém se entendia e todos buzinavam, como se alguém tivesse o dom de sair voando no carro em que estava para, passando por cima dos outros veículos, chegar com rapidez ao Mangueirão. Na outra ponta do sufoco, quem tentava acessar o estádio pela avenida Júlio César e suas vias Centenário e Transmangueirão, encarava a ausência completa dos guardas da Semob.
O resultado não poderia ser outro: torcedores irritados, vociferando contra o prefeito Zenaldo Coutinho e soltando palavrões contra a Semob, que já foi Ctbel e Amub, mas padece da velha incompetência para administrar um trânsito cada dia mais neurótico e desorganizado.
Se a Semob não existiu ontem, como não tem existido no cotidiano da cidade, a não ser para alimentar sua próspera fábrica de multas, é preciso destacar o esforço da Polícia Militar em conter brigas, assaltos e agressões dentro e fora do Mangueirão. A PM, também humilhada nos grandes espetáculos no Mangueirão – já se presenciou soldados comendo lanches, sentados no chão, num desrespeito a esses profissionais fardados -, mais uma vez se superou.
Diante do que vimos, é forçoso reconhecer: é louco quem administra tanta paixão do povo paraense pelo futebol. Uma paixão reconhecida nacionalmente. Mas, de que vale isso, se dirigentes de alguns órgãos públicos teimam em massacrar, ofender, oferecendo condições indignas de acesso às praças dos grandes clássicos?
Esses dirigentes passarão. Não a paixão por Remo e Paysandu, que sobreviverá a todos nós, porque eterna. Apesar de governantes incapazes de administrá-la.
Foi sufoco chegar e sair do Mangueirão. Como sempre. Foto Pedro Cruz. G1-Pará
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