Ver-O-Fato ouviu especialistas e articuladores políticos para saber quem deve disputar o voto do belemense no próximo ano. Afinal, do que Belém precisa?
Está chegando o final de 2019 e as movimentações políticas para o ano de eleições municipais que se aproxima começam a se agitar. O Ver-O-Fato foi a campo e ouviu lideranças, articuladores e observadores privilegiados para traçar um quadro do que pode ocorrer no cenário eleitoral de Belém. Iniciamos hoje uma série de reportagens para saber o que o eleitor pode esperar e o que se pode fazer para melhorar a vivência citadina na capital paraense.
Pelo menos três grandes forças políticas se agitam nas articulações pré-eleitorais. A primeira delas localiza-se mais à direita e ao centro. É o grupo do PSDB e aliados. No ninho tucano, os nomes que se agitam como prováveis indicações do atual prefeito Zenaldo Coutinho, que por estar em seu segundo mandato não pode concorrer à reeleição, são os do deputado federal Cássio Andrade (PSB), o atual presidente da Câmara Municipal, Mauro Freitas (PSDC), o jovem deputado estadual Thiago Araújo (PPS) e o deputado federal Celso Sabino (PSDB).
Há outras opções de nomes, mas que dependeriam, primeiro, da vontade dos próprios citados a entrar na disputa, como o do ex-governador Simão Jatene e o do ex-secretário de governo e ex-prefeito de Paragominas, Adnam Demachki.
O nome a ser escolhido depende ainda das prévias dos partidos e só deve ser oficializado em maio do próximo ano. Estes nomes, porém, correm à sombra do próprio Simão Jatene, o mais lembrado nas primeiras pesquisas de sondagem do eleitor. Há quem diga que Jatene, apesar do prestígio como ex-governador, bate de frente internamente com Zenaldo, em grupos antagônicos.
BRT, Upas e PSM são trunfos de Zenaldo? E Jatene? O que pensa o publicitário Orly Bezerra
O Ver-O-Fato ouviu o publicitário e marqueteiro político, Orly Bezerra, que fez as últimas campanhas de Zenaldo e de Jatene, a respeito do assunto. Orly nega que exista uma disputa interna no partido tucano. “Jatene goza de prestígio pelo grande trabalho que fez no estado, no turismo, nas obras de infraestrutura e na saúde. Seu nome será sempre lembrado. O que eu não sei é se ele está disposto a ser candidato”, afirmou.
O publicitário também opinou sobre a força que pode ter o eleitor Zenaldo na influência de seu sucessor. Diante das críticas que se fazem à gestão do atual prefeito, Orly Bezerra observou que Belém é uma cidade de muitos desafios, que qualquer gestor terá que enfrentar. As carências de obras de infraestrutura e uma suposta baixa arrecadação colocam qualquer prefeito diante do dilema da gestão pública: administrar recursos finitos e grandes necessidades de investimentos, principalmente em saúde, infraestrutura e saneamento.
“Pode-se fazer qualquer crítica ao Zenaldo, mas ele enfrentou o desafio de arranjar investimentos da ordem de R$ 500 milhões para a conclusão do BRT, que é uma obra complexa, principalmente nessa etapa final. Fazer o BRT na Almirante Barroso, que é uma pista acabada, pronta, é bem diferente de o fazer na Augusto Montenegro, com todo o problema com adutoras e terrenos irregulares”, observa.
Para ele, quando o prefeito entregar a obra concluída até Icoaraci no aniversário de Belém, no início do ano, a população há de ter uma visão melhor da gestão de Zenaldo. “Quando a população começar a usufruir da obra e de seus benefícios, vendo como isso impacta na mobilidade da cidade, certamente ela vai ter uma percepção positiva da gestão municipal. Lembrando que o BRT vem de outras gestões, com sérios problemas e que até hoje existem dois processos no Ministério Público relacionados à gestão do Duciomar. Creditar todos os problemas da obra à sua gestão [de Zenaldo] é injusto”, avalia o publicitário.
Portanto, na visão do marqueteiro as obras de final de gestão, que incluem ainda a reforma do HPSM e a entrega de mais duas UPAs na cidade devem elevar a cotação do prefeito junto ao eleitorado, dando força a seu candidato.
Nesse ponto Orly lembrou de mais dois nomes que podem ter força nas tensões pré-eleitorais. O ex-deputado federal Arnaldo Jordy (PPS), atualmente sem mandato, e Adnan Demachki, ex-prefeito de Paragominas que também foi secretário de estado de Jatene, mas atualmente está sem partido. O Ver-O-Fato apurou que no caso de Jordy há poucas chances dele se candidatar. Demachki, por sua vez, afirmou no início do ano ter sido procurado por partidos políticos para concorrer à Prefeitura de Belém.
De todo modo, esse momento é de especulações. Muitas articulações se formam, às vezes, na intenção de dividir votos para forçar alianças de segundo turno. As conjunturas, porém, ajudam a entender essas articulações, como mostraremos nas próximas reportagens.
Do que Belém precisa
Ademais, Orly Bezerra deu a opinião dele a respeito do que Belém precisa, hoje, independente de quem será o próximo prefeito da capital paraense. Para ele, é preciso que a população goste mais da cidade, que tenha sentimento de pertencimento. Na visão dele, a falta de cuidado da própria população se manifesta em dois exemplos. O primeiro é a situação do lixo na cidade. “Montes de entulhos nas ruas, em ruas centrais como na Pedreira e no Marco. Não falo nem do papel de picolé, estou falando de sofás e geladeiras no meio do canteiro das ruas”, lamentou.
Outra questão que, segundo o empresário da comunicação denota a falta de cuidado da população, é o trânsito. Filas duplas, motoristas que fecham cruzamentos e que não aceitam que se diga que estão errados seriam exemplos e provas da falta de cuidado e de educação dos belemenses.
Quer saber quais são as demais forças políticas a se articular para as próximas eleições municipais? Então leia as próximas reportagens da série.
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