Agentes da Polícia Federal cumpriram três mandados de busca e apreensão em Parauapebas e Marabá, no Pará, e em Palhoça, em Santa Catarina, na manhã desta terça-feira (8), relacionados com a investigação da prática de caixa 2 na campanha eleitoral de 2020 de Parauapebas, em que foi o eleito o prefeito Darci Lermen (MDB).
A operação federal, denominada “Conatibus”, investiga também o crime de lavagem de dinheiro, uma vez que os valores utilizados por “laranjas” para doação, de cerca de R$1,3 milhão, não eram provenientes das origens declaradas.
De acordo com a PF, naquela campanha eleitoral foram realizadas diversas doações, sendo que duas delas no valor de R$ 500 mil e outra de R$ 300 mil despertaram suspeitas.
Segundo o que já foi apurado nas investigações, um doador da campanha de Darci Lermen, identificado como Marcelo Nascimento Beliche, confessou um esquema de caixa 2 nas eleições municipais de 2020. Ele teria ganho R$ 27 mil para transferir R$ 500 mil recebidos de um assessor para a conta eleitoral do prefeito eleito.
No dia 24 de fevereiro de 2021, as contas da campanha eleitoral do prefeito e do vice foram desaprovadas pela Justiça Eleitoral de Parauapebas, atendendo recomendação do Ministério Público Eleitoral local.
No próximo dia 21 de fevereiro, o prefeito Darci Lermen (MDB) e o vice-prefeito João do Verdurão (PDT) deverão prestar depoimento à juíza Rafaela de Jesus Mendes Morais, da 106ª Zona Eleitoral, acusados de abuso de poder econômico, também nas eleições de 2020.
De laranja a delator
Marcelo Beliche passou de laranja a delator do esquema fraudulento, após se sentir abandonado pelo grupo político do prefeito. Ele foi descoberto porque, apesar de “doar” R$ 500 mil para a chapa de Lermen, só declarou ter recebido R$ 40 mil no imposto de renda.
Ele fez um acordo com o MPE e contou os detalhes do esquema comandado pelo MDB. Hoje, ele vive escondido com medo de ser assassinado, segundo informações de pessoas próximas a ele.
A audiência do 21 de fevereiro deve ser a última a ser realizada antes da sentença na primeira instância, em que todos os envolvidos no processo serão interrogados. Depois, a Justiça Eleitoral abrirá prazo para as alegações finais e decidirá se cassa ou não a chapa composta por Darci Lermen e João do Verdurão.