O laudo do Instituto de Perícias Científicas Renato Chaves, sobre os tiros disparados no dia 14 de outubro passado, contra o veículo ocupado pelo candidato a prefeito de Parauapebas, Júlio César Oliveira, “sugere a participação de pelo menos dois atiradores”. O laudo é assinado pelos peritos criminais Jânio Roberto Arnaud Ferreira e Walldiney Pedra Gurgel. Mas diverge do que disseram testemunhas arroladas no inquérito.
O Ver-o-Fato teve acesso à íntegra do laudo pericial, cujo trabalho dos técnicos foi realizado no local onde o veículo do candidato foi atingido pelos tiros, na estrada que liga à comunidade rural Vila Carimã, e também no pátio do estacionamento da 20ª Seccional de Parauapebas, onde foi realizada a primeira perícia. A apresentação do laudo ocorreu durante coletiva à imprensa, em Parauapebas, do delegado-geral Walter Resende e dos dois peritos que assinam o documento.
Em nenhum momento, o delegado-geral falou que o candidato Júlio César teria simulado o atentado para ganhar votos dos eleitores ou participado de alguma “armação”. A interpretação dada às palavras de Resende, publicada por páginas na Internet, distorce o que ele disse e serve de combustível político numa campanha cuja violência no município parece longe de acabar, apesar de faltarem apenas quatro dias para a eleição.
“Com esse laudo, a gente pode afirmar que o evento não ocorreu como foi relatado. E cientificamente, no estudo apresentado por profissionais altamente qualificados, com precisão, estamos apresentando esse laudo, que inclusive foi acompanhado por perito de outro estado, na elaboração de todos os estudos. Então, o que a gente tem a dizer claramente é que, a dinâmica do evento narrado, pelas testemunhas, diverge totalmente da perícia técnico científica que está sendo apresentada pelo Instituto de Perícia Científica do Instituto Renato Chaves”, afirmou o delegado-geral.
Ele não falou sobre as investigações para identificar os autores do atentado, nem se já existem suspeitos e mandantes. Também não abordou as contradições de dois laudos do médico-legista Túlio Oliveira, que saiu de Parauapebas após dizer em um laudo, sobre as lesões sofridas no tórax por Júlio César, que o tiro teria sido desferido de longa distância, e em outro documento – ambos divulgados ontem com exclusividade pela Ver-o-Fato – que o tiro foi de curta distância.
“concluem os peritos oficiais que o veículo periciado, Hilux placa QDV4317, apresentava evidências de ação violenta com pessoa ferida e perfurações compatíveis a entradas de projéteis de arma de fogo, disparados à distância”, diz o laudo apresentado hoje.
“Dois padrões distintos de tiros foram observados, um que agregava perfurações na porção superior frontal do veículo, direcionados para o para-brisa e outro que distribuía perfurações na porção mediana do veículo, o que sugere a participação de pelo menos dois atiradores”, sustenta o documento. .
Mais adiante, a peça do “Renato Chaves” observa que “os achados periciais indicam a possibilidade de a vítima ter sido atingida por um disparo de arma de fogo, estando no interior do veículo periciado, nas circunstâncias descritas neste laudo, considerando o veículo em velocidade máxima de 9 km por hora”.
Aqui, nesse trecho acima, a velocidade do veículo, reside o cerne do laudo. Com essa velocidade, o carro estaria devagar e não em alta velocidade, como testemunhas teriam narrado no inquérito policial. Era noite quando o fato ocorreu.
O documento dos peritos possui dez laudas em papel, com 39 fotografias ilustrativas e numeradas “em melhores condições de serem analisadas técnica e juridicamente”, um anexo em mídia contendo animações referentes às perícias, além do mapa de georreferenciamento do local.
O resultado desse laudo sobre os tiros disparados por pistoleiros contra o veículo onde estava o candidato Júlio César e outras três pessoas, traz a revelação de que havia pelo menos dois atiradores mirando e disparando contra o veículo, o que demonstra a intenção clara de matar o candidato Júlio César. O delegado-geral não nega isso e nem levanta dúvida.
Veja o trecho final do laudo:
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