O inquérito e a denúncia que apuram um golpe financeiro de cerca de 50 milhões de reais, na modalidade pirâmide, aplicado pela empresa Wolf Invest contra centenas de investidores brasileiros, inclusive paraenses, foram encaminhados ao juiz Jackson José Sodré Ferraz, da 5ª Vara Criminal de Belém, que iniciou a instrução do processo.
O empresário Olavo Renato Martins Guimarães, de 28 anos, dono da empresa, é acusado de lesar mais de mil vítimas em todo o Brasil, sendo metade delas no Pará. O réu foi preso no último dia 30 de agosto, na cidade paulista de Campinas e depois foi recambiado para Belém.
De acordo com as investigações, Olavo Guimarães foi o criador do esquema de pirâmide, que oferecia aos investidores lucros acima do mercado e em curto tempo. O golpe funcionava com recrutamento de novos investidores, utilizando os recursos financeiros dos clientes para remunerar membros das camadas anteriores da pirâmide.
Os crimes imputados ao acusado são de fraude, estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo. Vítimas do golpe ouvidas pela Polícia Civil disseram que foram atraídas pela oferta da Wolf Invest de lucros elevados de até 10% ao mês, mas acabaram perdendo todas as suas economias.
O réu foi conduzido ao Fórum de Belém no meio desta semana, para a audiência de instrução e julgamento a fim de responder pelos crimes cometidos. Ele deverá ser interrogado somente após a justiça ouvir todas as pessoas arroladas na inicial acusatória.
Após apuração da Polícia Civil, a denúncia foi apresentada pelo promotor de justiça Pedro Paulo Bassalo Crispino e advogados de algumas vítimas do esquema criminoso se habilitaram como assistentes de acusação. Em defesa do denunciado atuam advogados do escritório de Marcus Vinicius Guimarães Saavedra.
Vítimas ouvidas em juízo
Durante a audiência de instrução foram ouvidas quatro vítimas e duas testemunhas que trabalharam para Olavo Guimarães na empresa Wolf Invest. Outras sete deverão ser ouvidas no próximo dia 8 de novembro.
Uma das testemunhas, León Moreno Luz Pinheiro, residente em Blumenau (SC), foi ouvido por videoconferência e disse que trabalhou como prestador de serviço para o denunciado na captação de clientes investidores.
Segundo ele, o contrato de trabalho que a Wolf Invest mantinha se dava através de prestação de serviço com todos os funcionários. Os gerentes recebiam 10% do valor que cada cliente investia, sendo 5% pagos no ato da captação e o restante deveria ser investido na empresa.
Outro depoimento remoto foi prestado de Dubai, Emirados Árabes, por Wellington Oliveira Fleming, especialista que fez a análise das pedras preciosas encontradas pela polícia em poder de Olavo Guimarães. Ele disse que as pedras, rubis em forma bruta, foram avaliadas em mais de sete milhões de dólares americanos, por lote, conforme cotação do período.