A Associação Comercial do Pará (ACP) lança no dia 30 deste mês um livro para comemorar seus 200 anos de fundação. Reunindo 27 artigos de autoria de dirigentes da ACP, além de conteúdo histórico, o lançamento encerrará o ano do bicentenário, aberto em abril passado.
Com o título “ACP – 200 anos ajudando a escrever a história do Pará” o livro tem 285 páginas e reúne informações sobre a história do comércio, da indústria e da política paraenses, além de curiosidades, como o autógrafo de D. Pedro II no livro de Visita, em abril de 1876. Um recorte que surge no livro é o “contrabando” de sementes de seringueiras (e não pés da planta) para a Inglaterra, que originou a produção da borracha na Ásia, no final do século XIX.
“Esse item traumático da história da Amazônia precisa ser recontado com menos folclore, como é conhecido: as 70 mil sementes de seringueira foram legalmente exportadas pelo porto de Belém, com base no Regimento Aduaneiro Imperial.”, diz Clóvis Carneiro, que reporta o assunto em um dos artigos do livro, citando o livro de Joe Jackson (Objetiva, 2011), “O Ladrão do fim do mundo”. Clóvis é, também, autor do prefácio e de um dos artigos.
O projeto editorial foi coordenado pelo publicitário Oswaldo Mendes, membro benemérito do Conselho Superior da ACP, e a pesquisa histórico-jornalística foi executada pelo jornalista Nélio Palheta, que se debruçou, entre fevereiro e outubro do ano passado, no arquivo da Associação, compulsando documentos, publicações e acervo de fotografias.
A Associação Comercial do Pará é a segunda instituição empresarial mais antiga do país (a primeira é a da Bahia). Foi fundada em três de abril de 1819 para organizar o fluxo de navios no porto de Belém e as atividades empresarias, a exemplo de organização semelhante de Lisboa. “A obra, de caráter memorialístico, tem o objetivo de divulgar passagens marcantes da história da entidade a partir de registros pessoais de dirigentes da ACP, sobre fatos que vivemos no passado e no presente”, explica Clóvis Carneiro.
O livro tem dezenas de imagens que documentam várias fases da história da ACP. São fatos, desde a segunda metade do século XIX, quando a Associação se reorganizou e retomou as atividades, depois da Cabanagem. O projeto não pretendeu levantar a história segundo critérios estritamente acadêmicos, nem se planejou esgotar as fontes e documentos, para além do que consta no livro.
Da pesquisa empreendida pelo jornalista Nélio Palheta, e dos artigos elaborados pelos dirigentes da Associação, surgiram episódios relevantes de uma trajetória rica de acontecimentos empresariais, políticos e governamentais. O livro mostra que, além de presidentes da ACP, destacam-se, entre estes, José Dias Paes e Antônio Martins Júnior; o imperador Pedro II e os presidentes da República, Getúlio Vargas e Castelo Branco – personalidades que marcaram presença na trajetória da entidade.
D. Pedro foi recepcionado pela Associação no dia cinco de abril de 1876; Getúlio Vargas, a cinco de outubro de 1940; o general Castelo Branco acompanhado do General Costa e Silva, seu sucessor no governo revolucionário de 1964, visitou Belém e a ACP em 1966. Outro personagem brasileiro, de renome internacional, que visitou a Associação Comercial, foi Oswaldo Aranha, Ministro das Relações Exteriores do governo Getúlio Vagas.
Ele esteve em Belém em outubro de 1936, a caminho de Washington para o Rio de Janeiro, e, posteriormente, já como ministro, em meados dos anos 1940, ele foi recepcionado em jantar solene na ACP.
Uma das fontes de pesquisa foi a Revista da Associação Comercial. Era uma sofisticada e volumosa publicação jornalística, referida no livro por acumular um volume grandioso de acontecimentos da economia paraense, além de documentos, debates sobre economia, política, fisco e temas científicos, além de publicidade – um panorama das atividades empresariais meados dos oitocentos.
“O livro dá pistas para historiadores e estudiosos que se dedicarem a investigar a economia, a organização da sociedade, e como a política permeou as atividades industriais e comerciais do Pará nos últimos 200 anos, sobretudo, no período em que os empresários se debatiam para manter de pé a produção da borracha”, diz o jornalista Nélio Palheta.
Outro fato importante que resultou de movimento da Associação no século passado, foi à criação, com o apoio dos empresários, em 1952, da Companhia de Força e Luz do Pará, a Forluz, para equacionar a crise de energia em Belém. O primeiro diretor da estatal foi o próprio presidente da ACP, José Dias Paes.
Da história contemporânea da Associação, o livro valoriza a campanha contra a divisão do Estado , em dezembro de 20112, cujo plebiscito visava à criação dos Estados de Carajás e Tapajós. Esses registros compõem a “linha do tempo” da Associação, ricamente ilustrada no livro, onde constam 35 efemérides desde 1819 até 2019, quando os 200 anos foram comemorados com solenidade no Teatro da Paz.
Entre os eventos relevantes dos primeiros cem anos da Associação, a Cabanagem foi importante, tal o impacto que causou à economia. No período, a entidade manteve-se acéfala. Proativa, a ACP criou, em 19 de maio de 1899, a Escola Prática do Comércio; criou o Museu Comercial do Pará, instalado onde hoje funciona o Teatro Waldemar Henrique, em Belém. A escola funcionava no prédio ao lado, atualmente um centro cultural da Universidade Federal do Pará.
Outro fato importante que resultou de movimento da Associação no século passado, foi a criação, com o apoio dos empresários, em 1952, da Companhia de Força e Luz do Pará, a Forluz, para equacionar a crise de energia em Belém. O primeiro diretor da estatal foi o próprio presidente da ACP, José Dias Paes.
No passado, além da borracha, energia elétrica e educação, também a castanha-do-pará era tema de uma pauta anual de defesa dos produtos e interesses da sociedade paraenses, mediante reivindicações políticas, debates fiscais, e promoção em feiras nacionais e internacionais; havia até uma festa anual muito concorrida, com direito a eleição da “rainha” e das “princesas” da castanha, para promover esse item que, embora com menor volume, ainda é presente na pauta comercial do estado.
Da história contemporânea da Associação, o livro valoriza a campanha contra a divisão do Estado , em dezembro de 20112, cujo plebiscito visava à criação dos Estados de Carajás e Tapajós. Esses registros compõem a “linha do tempo” da Associação, ricamente ilustrada no livro, onde constam 35 efemérides desde 1819 até 2019, quando os 200 anos foram comemorados com solenidade no Teatro da Paz.
Atualmente, a ACP promove dois prêmios anuais – muito aguardados. Desde 1953, já foram agraciados com o título de “Empresário do Ano” (originalmente “Comerciante do Ano”), 67 empresários. E o prêmio “J. Dias Paes” já agraciou três empresas, desde 2016.
OUTRAS INFORMAÇÕES
Obra: “ACP – 200 anos ajudando a escrever a história do Pará”, 285 páginas.
Lançamento: 30/1/2020
Local: Salão nobre da Sede da Associação Comercial (Av. Presidente Vargas, esquina da Rua Santo Antônio – Campina).
Horário: 19h
Organização e pesquisa: Nélio Palheta
Projeto Gráfico: Augusto Neto
Capa: Mendes Comunicação
Páginas: 285
Impressão: Marques Editora (Gráfica Sagrada Família)
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