Entrevista que o deputado Celso Sabino (sem partido/PA) deu ao programa Linha de Tiro, do portal Ver-O-Fato, quinta-feira 18, trouxe à tona uma das práticas mais escrotas, estúpidas e cínicas da maioria da Humanidade, só que no Congresso Nacional: a discriminação étnica. Quanto à raça, esclareça-se, só há uma: a humana.
Celso Sabino explicava no programa por que a direção nacional do PSDB lhe cerceou a liderança da maioria na Câmara e o expulsou da agremiação quando se referiu a uma realidade nacional: a divisão do país entre Sul, de Brasília para baixo, e Norte, de Brasília para cima. As bancadas das regiões Sudeste e Sul, principalmente a de São Paulo, não toleram que um nortista se destaque no Congresso Nacional. Para o Sul, os nortistas são paraíbas. Os do Centro-Oeste aceitam melhor os nortistas. Mas como começou essa idiotice?
Começa em 22 de abril de 1500, quando Pedro Álvares Cabral chega a Porto Seguro, na Bahia. Nas décadas seguintes, a Coroa Portuguesa tratou de garantir a posse das terras no Novo Mundo, distribuindo capitanias hereditárias a membros da nobreza. Mas somente as capitanias de Pernambuco e de São Vicente (São Paulo) prosperaram. Em 1549, Portugal cria o Estado do Brasil, com um governo-geral sediado em Salvador, e, a partir de 1763, no Rio de Janeiro.
Mas, em 1621, durante o domínio espanhol, Filipe II de Portugal (Filipe III da Espanha) dividiu a colônia portuguesa em duas: o Estado do Brasil, que abrangia de Pernambuco até a atual Santa Catarina; e o Estado do Maranhão, do atual Ceará até a Amazônia, com a capital em São Luís, e, a partir de 1737, em Belém, quando o Estado do Maranhão passou a ser chamado de Grão-Pará e Maranhão. Naquela época, era mais fácil navegar de Belém para Lisboa, vice-versa, do que de Belém para Salvador, ou Rio de Janeiro, vice-versa, devido aos ventos.
Em 1823, Dom Pedro I anexa o Grão-Pará e Maranhão ao Império do Brasil. Ou seja, a Amazônia Clássica passa a ser colônia do Brasil, o que dura até hoje. Trocando em miúdos: o Estado do Grão-Pará reportava-se diretamente à Lisboa. Quando o Estado do Brasil proclamou a independência, Dom Pedro I anexou a Amazônia ao Império do Brasil, e pôs no limbo a elite paraense, que se reportava diretamente à Lisboa.
Abandonada, já que agora não contava mais com Portugal, a população paraense começou a passar necessidade. Então revoltou-se contra o Brasil, numa tentativa de se unir novamente a Portugal, e, em 1835, explode uma revolução em Belém, a Cabanagem, estendendo-se, até 1840, para toda a Amazônia. A resposta do Império do Brasil foi de uma ferocidade que até hoje causa ressentimento.
Influenciada pela Revolução Francesa, a Cabanagem eclodiu devido à pobreza, fome e doenças na Amazônia, principalmente entre índios e mestiços que viviam em cabanas à beira dos rios, verdadeiros escravos da elite branca. Liderados por integrantes da classe média alijada pelo Rio de Janeiro desde a Independência, tomaram o poder em 6 de janeiro de 1835.
Mas, sem planejamento, os cabanos permaneceram no poder apenas dez meses, quando Belém foi bombardeada sem dó nem piedade; segundo os historiadores, as tropas do Império do Brasil reduziram a população belenense, de 100 mil habitantes, quase pela metade.
Mais recentemente, no século XX, começou uma grande migração de nordestinos para o Rio de Janeiro e São Paulo. Para cariocas e paulistanos tudo o que se mexe de Brasília para cima é do Norte, e é assim que, na cabeça deles, não há nenhuma diferença entre as culturas da Amazônia e do Nordeste. Para eles, todo mundo é da Paraíba, um dos estados do Nordeste com grande leva de retirantes.
O retirante foge da miséria e da ignorância; assim, para sudestinos (sic) e sulistas todo nortista é miserável e ignorante. Já vi mineiro chamar um colega jornalista paraibano de papa-calangro. No Rio, é comum vermos cariocas tratar porteiros por paraíba. Mas, na Câmara?
Pois é, Celso Sabino, que está em primeiro mandato, comentou que ao chegar à casa foi chamado de paraíba, e quando chegaria à liderança da maioria os bicudos enlouqueceram, atiçados por João Doria, governador de São Paulo, e o chileno-carioca Rodrigo Maia, do Democratas (RJ), mas chegado a uma pluma.
Tanto a Região Nordeste quanto a Amazônia, ou Região Norte, conta com grandes escritores, artistas, intelectuais, folclore rico, culinária impagável, grandes cidades e políticos com potencial para se tornarem líderes. O Pará é uma síntese da Amazônia, em potencial biológico, mineral e de inteligências, mas também o é como sub continente colonizado, que se agacha ante o colono e as multinacionais, que levam tudo.
De modo que quando os paraenses elegem um Celso Sabino da vida, estão apostando em melhores dias. Mesmo em primeiro mandato em Brasília, Sabino foi um dos responsáveis pela eleição de Arthur Lira (PP/AL) à presidência da Câmara. Foi isso que deixou João Doria rasgando as calças, pois a bancada de Dória queria eleger Baleia Rossi (MDB/SP), que estava preparado para aceitar qualquer um desses pedidos imbecis de impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Resultado: Sabino foi indicado por 11 partidos para ser líder da maioria na Câmara, mas, por meio de nota, o PSDB se manifestou contra, alegando que o cargo é relacionado ao governo federal: “Todos os membros que votaram pelo encaminhamento ao Conselho de Ética alegaram que o PSDB não faz parte do governo Bolsonaro e que não é pertinente, portanto, que um de seus membros assuma a liderança do bloco de maioria governista”.
Para o ex-presidente do PSDB, deputado Aécio Neves (MG), que não quer ver Doria nem de terno inglês, o partido promove uma “caça às bruxas”. Disse ele: “Defendo que o PSDB se mantenha independente em relação ao governo, votando a agenda econômica onde temos identidade e sem participar de indicações de cargos no governo. Ao mesmo tempo sou contrário à caça às bruxas dentro do partido”.
Dá para notar que a verdadeira guerra ocorre entre Aécio Neves e o governador João Doria, que sonha em se tornar governador não só dos paulistas, mas também dos brasileiros. Assim, Doria articula a expulsão também de Aécio. Como Sabino é peixe miúdo, até agora só sobrou para ele, pois para Doria pegar um tubarão como Aécio terá que comer muito macarrão.
Nem Celso Sabino, nem o Pará, estão ligando muito para a suruba no ninho tucano nacional, porque, no ano da reforma tributária, o Brasil, e também o Grão-Pará, precisam de tributaristas como Celso Sabino. Visionário e homem de ação, jovem, com todo o gás, preparo intelectual e vontade, Celso Sabino é um dos jovens políticos capazes de tornar não só o Pará um dos mais prósperos estados do país, mas também contribuir muito para com toda a Amazônia e com o próprio país, pois é especialista em direito tributário, principalmente no que diz respeito à exploração de jazidas de minérios, além da questão de transportes no Trópico Úmido.
Celso Sabino é graduado em Administração pela Universidade da Amazônia (Unama) e em Direito pelo Centro Universitário do Pará (Cesupa), aprovado no exame da Ordem dos Advogados (OAB); pós-graduado em Controladoria, Auditoria e Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Gestão Pública Tributária pela Escola de Administração Fazendária (Esaf); e doutor em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad del Museo Social Argentino (Umsa). Aos 22 anos, foi aprovado no concurso para Auditor Fiscal na Secretaria da Fazenda do Pará (Sefa).
Em 2010, elegeu-se suplente de deputado estadual, assumindo como deputado em 2011. Em 2012, ocupou o cargo de Secretário Estadual na Secretaria de Trabalho Emprego e Renda do Pará (Seter), quando participou da criação da Feira do Artesanato Mundial (FAM) e da implantação do projeto Seter nos Bairros. Em 2013, reelegeu-se Deputado Estadual, exercendo mandato entre 2014 e 2018. No mesmo período, assumiu a presidência do Instituto de Metrologia do Pará (ImetroPará). Em 2018, é eleito deputado federal.
Quanto a João Doria, dispõe de uma bancada inteira de arianos sudestinos (sic) emplumados.
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