Vivaldo José Breternitz – doutor em ciências *
A anosmia, perda total ou parcial do olfato, é um dos sintomas mais frequentes da infecção pelo coronavírus.
Existem, no entanto, uma série de dúvidas acerca do assunto: o fato de que cerca de 80% dos infectados na Europa apresentaram o problema, enquanto na China o número é muito menor, é uma delas.
Foi na Alemanha que esse sintoma começou a ser percebido e mais bem observado. Embora os estudos até agora realizados não tragam muitas certezas, parece que em Wuhan, na China, onde a pandemia tomou corpo, apenas 5% dos pacientes foram afetados, e com apenas perda parcial do olfato, a chamada hiposmia.
Há várias hipóteses para explicar essa diferença, uma delas é que, como o vírus vai passando por mutações, alguns de seus efeitos acabem mudando. Outra, estaria ligada a diferenças genéticas entre as populações chinesa e europeia. Também é possível que simplesmente esse sintoma não tivesse sido percebido pelos médicos chineses no início da pandemia.
Também é curioso que a maioria dos pacientes com anosmia não apresenta congestão nasal ou catarro, causas comuns do distúrbio.
Já se percebe que em 90% dos casos, os pacientes recuperam o olfato em cerca de duas semanas, mas isso também é acompanhado de outro fato curioso, para o qual ainda não há explicação: alguns desses pacientes passam a apresentar um quadro temporário de parosmia – são capazes de sentir um determinado cheiro, mas o associam a outra fonte, por exemplo, sentem o cheiro de pão fresco, mas o associam ao cheiro de uma fruta.
De qualquer forma a pandemia está nos ensinando também na prática, sejamos ou não profissionais da saúde.
- Vivaldo José Breternitz é doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor de Planejamento Estratégico e Sistemas Integrados de Gestão da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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