Dulce Rosa de Bacelar Rocque *
Se você passear a pé pelas ruas de cidades europeias, ainda encontrará sinalização dos “refúgios” onde os moradores deveriam se esconder durante os bombardeios na Segunda Guerra Mundial. Ninguém reclamava do seu “direito de ir e vir”. Se querias sobreviver tinhas que correr e te esconder nesses lugares.
Era questão de sobrevivência. O governo colocava à disposição da população local, prédios, porões, adegas subterrâneas, principalmente. Um alarme tocava em toda a cidade ao notarem a aproximação dos aviões estrangeiros. Todos corriam para os refúgios. Ou morreriam sob as bombas.
Hoje, estamos travando uma guerra contra um inimigo invisível, a Pandemia: infelizmente, não é contra a pobreza… O presidente da Republica, governadores e prefeitos tem competências relativamente às necessidades da população. Não agiram com a velocidade necessária, mas depois, alguns agiram.
O bloqueio da circulação e o confinamento da população estão entre as providências tomadas pelo governador. São sugestões dadas, em certa forma pela Organização Mundial de Saúde, órgão esse, respeitado em todo o mundo.
Tal decisão serve, não para salvar os que já estão doentes, mas para impedir que o vírus se expanda mais ainda, aumentando o número de doentes. Assim, o respeito a ela evita o aumento da procura de vagas em hospitais, que, no mundo inteiro, não estavam preparados para uma situação tão difícil e grave como esta.
Ir contra tais decisões, que não se referem à esfera privada do cidadão nem a questões econômicas pois estão tratando de um problema social, possibilita o aumento de danos a outros. Não se trata de uma decisão para a eternidade, tem tempo determinado.
Também, não se trata do direito de ir e vir, mas de direito à vida. Ignorar, portanto, o bloqueio e o confinamento, não é somente desrespeitar uma norma, é prejudicar quem está em torno. É incivilidade, além de uma provocação indigna de um ser humano contra os outros.
- Dulce Rosa de Bacelar Rocque é economista aposentada e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), além de presidente do CiVViva — Cidade, movimento de preservação da Cidade Velha
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