A gritaria e a revolta contra o reajuste da tarifa de ônibus para R$ 5,00, em Belém, deram resultado. Na tarde desta sexta-feira, o prefeito Edmilson Rodrigues decidiu e homologou o valor em R$ 4.00, a partir da próxima segunda-feira, 28.
Segundo a decisão, o reajuste está abaixo do que foi determinado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel), que era de R$ 5,12. Sendo assim, ficou R$ 1,12 a menos que o proposto pela entidade e R$ 1,00 a menos do que o decidido pelo Conselho Municipal de Transporte, um órgão que sempre fez o que os empresários de transporte mandam.
O anúncio de Edmilson, como ele havia prometido ontem, ocorreu por meio das redes sociais dele. Essa decisão, de acordo com o prefeito, leva em conta, principalmente, a questão socioeconômica da população da capital paraense.
“O reajuste que determinei levou em consideração a situação econômica e social da população que utiliza o transporte coletivo na cidade, que há anos vem sendo sucateado, e que não suportaria pagar por valor mais alto”, destacou Edmilson.
Sobre o financiamento do sistema de transporte, ele disse que, em conjunto com outras prefeituras da Região Metropolitana de Belém, serão construídas soluções, como o subsídio que já está em aprovação pelo Congresso Nacional, em Brasília (DF).
Outro anúncio feito pelo gestor municipal foi a abertura do edital de licitação para a modernização do transporte coletivo, que será em até 60 dias – o que vai proporcionar renovação da frota, a inclusão gradativa de ônibus com ar-condicionado e tarifa do transporte público socialmente justa.
Pressão e boicote
O Ver-o-Fato apurou que a decisão do prefeito provocou, como já era esperado, grande insatisfação entre os donos das empresas de ônibus. Uma fonte do setor, pedindo para não ter o nome divulgado, garantiu que várias empresas, devido aos prejuízos acumulados, pretendem reduzir o número de veículos em circulação, para “não quebrar de vez”.
Ou seja, haverá boicote, não contra os R$ 4,00 definidos pelo prefeito, mas contra a população que, apesar de tudo, sustenta esse sistema deficiente e “falido”.
Por outro lado, sindicalistas que sempre se preparavam para também pedir reajuste para motoristas e cobradores tão logo os empresários obtinham o valor da tarifa no tamanho que desejavam, também prometem “avaliar” a decisão do prefeito. Enquanto há quem fale em “greve”, outros preferem deixar a “poeira sentar”.