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Quatro
meses depois de abril de 1964, quando os militares brasileiros
implantaram uma ditadura política no país, Sérgio Ricardo, da ala
mais radical dos compositores de Música de Protesto, chegou a
incentivar a reação armada, através de “Deus e o Diabo na Terra
do Sol”, de Glauber Rocha. Enquanto as cenas da película eram
projetadas, os espectadores ouviam “Romance do Deus Diabo” (“Eu
não me entrego ao tenente. Não me entrego ao capitão. Eu me
entrego só na morte. De parabelo na mão”.).
meses depois de abril de 1964, quando os militares brasileiros
implantaram uma ditadura política no país, Sérgio Ricardo, da ala
mais radical dos compositores de Música de Protesto, chegou a
incentivar a reação armada, através de “Deus e o Diabo na Terra
do Sol”, de Glauber Rocha. Enquanto as cenas da película eram
projetadas, os espectadores ouviam “Romance do Deus Diabo” (“Eu
não me entrego ao tenente. Não me entrego ao capitão. Eu me
entrego só na morte. De parabelo na mão”.).
Outros artistas, contudo, se dispuseram a servir o regime militar. A
repressão política tinha obrigado Caetano Veloso, Gilberto Gil e
Geraldo Vandré a se exilarem em países estrangeiros. Neste
momento, a Assessoria Especial de Relação Pública da Presidência
da República, desencadeou campanha publicitária para convencer a
população de que os exilados eram maus brasileiros. Seu slogan:
“Brasil, ame-o ou deixe-o”. Don e Ravel, então, compuseram “Eu
te amo, meu Brasil”..
Divisões, dentro da música popular no Brasil, por motivos
políticos-ideológicos, já ocorrera antes. Em 1941, em plena
Ditadura Vargas, Wilson Batista e Ataulfo Alves criticaram a
exploração dos trabalhadores nos versos de “Bonde São
Januário”. Neles, diziam que o veículo levava “um otário”,
e, acrescentavam: “Sou eu, que vou trabalhar”. A censura do
Estado Novo os obrigou a mutilarem a música. Tiveram de trocar
“otário” por “operário”. Mas quando Getúlio já havia
sido afastado do poder, o retorno dele foi pedido numa música que o
tratavam carinhosamente de “velho”: “Retrato do Velho”, de
Haroldo Lobo e Marino Pinto (“Bota o retrato do velho outra vez,
bota no mesmo lugar. O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar”).
Nos dias atuais, é Lobão quem está no front avançado da luta
ideológica nesta área de nossa cultura. Hoje, admirador de
Fernando Henrique Cardoso, ele chegou a chamar, no twiter, Mano Brow
de “papagaio piegas e recalcado” do partido de Lula. O vocalista
do Racionais Mc’s, revidou no mesmo tom. Declarou que Lobão agia
“como uma puta” para vender o seu livro “Manifesto do Nada
na Terra do Nunca”.
Em 2010, na Bienal de São Paulo de 2010, o pintor e escultor Gil
Vicente apresentou uma série de desenhos a carvão, intitulada
“Inimigos”, com o propósito de chamar a atenção do público
para o efeito do ódio político na criação artística. Retratou a
si próprio matando FHC e Lula e outras personalidades.
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(Oswaldo Coimbra, poeta, jornalista e professor, doutorado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo)
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