três semanas desde o porto amazônico de Vila do Conde, em Barcarena, no Brasil, até Beirute,
no Líbano. O gado é comprimido em caminhões sob o
abrasador calor amazônico. Durante quatro dias são incapazes de se mover
ou deitar e não recebem nem alimento nem água. Os que caem são
esmagados ou feridos.
carregá-los aumenta ainda mais o estresse do gado enfraquecido.
Esmagados contra animais estranhos, os animais se ferem uns aos outros
na sua agitação. Insolações, traumas e doenças respiratórias serão
dizimadores numa jornada de dezesete dias.
Quando
chegam ao Líbano, os animais são muitas vezes abatidos de forma desumana
e violadora das normas religiosas. Após semanas de desnecessário
sofrimento animal, o consumidor é erradamente levado a crer que a carne é
‘Halal’. O abate humanitário, realizado num local próximo ao de onde os
animais foram criados, não só terminaria a crueldade do transporte por
longas distâncias, como criaria empregos no Brasil.
bem-estar animal pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e que desde 2013 integra a equipe brasileira da Agropecuária Sustentável de World Animal
Protection, que promove o bem-estar de animais de produção nas diversas
fases da cadeia de produção, desde 2002, quando começou a exportação fluvial de animais vivos com o objetivo de abate ou reprodução para outros paises, vários questionamentos tem sido levantados, como tempo de jornada, condições de
transporte e alimentação nos veículos, problemas sanitários, bem-estar
dos animais, dentre outros.
estado do Pará, sendo o Brasil o 4º maior exportador do mundo, atrás
apenas de Canadá, México e Austrália. Quando pensamos no montante total
de animais abatidos por ano, as exportações de bovinos vivos representam
cerca de 2% do total. Ao longo destes treze anos, várias medidas foram
tomadas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento no
intuito de regulamentar as condições sanitárias e de bem-estar destes
animais, como a Instrução Normativa nº13 de 30/03/2010, que visa
regulamentar o transporte de animais vivos por meio fluvial.
cerca de 3 semanas no caso de paises do Oriente Médio, para serem
abatidos em seu destino. O mais importante é que, do momento que estes
bovinos entram no navio, eles não são mais brasileiros e estão sobre
responsabilidade dos países que os importam. Desta forma, estes animais
não estão sob jurisdição brasileira e, portanto, nossas leis de proteção aos animais não são mais aplicáveis”, diz Paola Rueda.
navios, iguais ao caso da terça-feira passada em Vila do Conde. “E por mais que se tente
melhorar as condições de alojamento, adaptação à alimentação ou
transporte, é ético colocar os animais em uma situação de risco
apenas para impor exigências de abate ou aumentar a lucratividade?”, critica a doutora em zootecnia da Unesp. Afinal, acidentes podem ocorrer, seja por descuido ou por uma
fatalidade.
relataram que não havia pessoas suficientes e preparadas, nem as
condições mínimas necessárias para socorrer os animais. Mais uma vez
ressaltamos, se há possibilidade de um acidente ocorrer envolvendo
animais vivos, é preciso ter preparado um plano de emergência para o socorro. E aparentemente, neste caso, não havia preparo para isso”, salienta Paola, tocando num ponto qu tem feito autoridades ambientais, CDP, Ibama, Semas, Ministério Público Estadual e Federal, além de empresas envolvidas em salvatagem baterem cabeça sobre o que fazer com os animais mortos, dentro do navio que afundou.
querem importar nossos animais. No caso de reprodutores, podemos
exportar sêmen, óvulos, embriões; ou no caso de animais para abate,
podemos comercializar a carne. “Mas temos a obrigação, como sociedade, de repensar se é ético transportar animais vivos e submetê-los a condições adversas ou possíveis acidentes desnecessariamente”.
Paola Rueda: “é ético transportar animais em condições degradantes?” |
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