A invisibilidade, muitas vezes retratada como uma habilidade fictícia em histórias e mitos, desperta reflexões profundas sobre a natureza humana e a ética. A ideia de se tornar invisível, embora fascinante, também levanta questões sobre o comportamento humano quando as barreiras da visibilidade são removidas.
Imaginemos um mundo onde a invisibilidade é possível. Nesse cenário, a liberdade de transitar despercebido poderia revelar o pior do ser humano. Ambições obscuras, espionagem, traições, roubo e corrupção, que muitas vezes são encobertos pelo véu da discrição, poderiam emergir de forma incontestável.
Com a garantia do anonimato, as máscaras sociais que usamos para ocultar nossas verdadeiras intenções poderiam desaparecer, expondo o lado mais sombrio da natureza humana.
Crimes, bizarrices e humor
O Ver-o-Fato foi às ruas de Belém e o que ouviu como resposta sobre a pergunta “O que você faria se fosse invisível” é de deixar muita gente de cabelos arrepiados e queixo caído. Respostas oferecidas com naturalidade espantosa. Todos pediram para não ter os nomes divulgados e, assim, “evitar zoação”.
“Eu roubaria um banco, sozinho, sem ajuda de ninguém”, disse um homem que identificou-se profissionalmente como vendedor. Outro, declarando trabalhar com informática, respondeu de bate-pronto, sorrindo: “pois eu comeria uma vizinha gostosa do meu prédio, em Batista Campos”.
Torcedores de futebol, um do Remo e outro do Paysandu, não economizaram palavras: “ser invisível me daria a oportunidade de pichar todo o campo da mucura por dentro e por fora, com frases que escolheria na hora, bem sacanas”, declarou o remista, motorista de táxi.
“Olha, nem pensaria muito: entraria no estádio chiqueirão daquela coisa e colocaria uma saia no Leão, ia ser sensacional”, afirmou o bicolor, dizendo ser feirante da 25 de Setembro..
Duas mulheres, uma de 56 anos e outra de 22, foram taxativas nas respostas e muitos homens iriam padecer nas mãos de ambos caso elas pudessem, por alguns instantes, ser invisíveis: “sem dúvida, eu cortaria o saco do meu marido para ele largar as vagabundas e os motéis que frequenta. o cara tem coisa boa em casa, mas prefere as periguetes de quinta categoria”, enfatizou a professora.
A recepcionista disse que “puxaria pelos cabelos” uma inimiga que a prejudicou numa venda, “arrastaria pela rua e encheria ela de porrada” . E depois “passaria o sal”.
É bom ser invisível e fazer o que bem entende? Para finalizar, três respostas: ‘tem as suas vantagens, mas por que não fazer o que tem vontade sendo de carne e osso mesmo?, questionou o garçom. ” minha sogra iria pagar com juros e correção tudo o que ela fez pra acabar meu casamento. Talvez eu, como invisível, desse um susto nela, à noite, pra ver se empacotava de vez e me deixava em paz”, declarou o mototaxista. “Não faria mal a ninguém, deixaria que cada seja o que é. Não preciso ficar invisível para ser quem sou”, respondeu a enfermeira.
Incursões invisíveis
O poder da invisibilidade poderia revelar as tramas de bastidores nos corredores do poder, onde as alianças políticas são muitas vezes construídas em segredo. Espiões invisíveis poderiam vasculhar informações confidenciais, expondo vulnerabilidades e manipulando eventos para atender a interesses ocultos. A trama invisível da traição poderia se desdobrar, revelando relacionamentos falsos e conspirações maquiavélicas.
O mundo dos negócios, muitas vezes permeado por decisões duvidosas e estratégias obscuras, seria exposto às claras. Invisíveis, os agentes poderiam roubar segredos comerciais, sabotar concorrentes e subverter a integridade dos mercados. A corrupção, que muitas vezes ocorre nos bastidores, se tornaria visível, revelando acordos escusos e subornos que corroem a integridade das instituições.
No entanto, ao mesmo tempo em que a invisibilidade poderia expor os aspectos mais sombrios da sociedade, ela também destacaria a importância da ética e da responsabilidade. Aqueles que escolheriam usar esse poder para o mal poderiam, eventualmente, enfrentar as consequências de suas ações, pois mesmo a invisibilidade não garante impunidade.
A reflexão sobre a invisibilidade serve como um lembrete de que a transparência e a ética são fundamentais para a construção de sociedades justas e equitativas. Em um mundo onde a visibilidade é uma constante, a integridade e a responsabilidade se tornam as forças que moldam as interações humanas, oferecendo uma visão mais clara e consciente do que realmente somos.