A NASA anunciou neste sábado (24) que os astronautas Butch Wilmore e Sunita Williams permanecerão na Estação Espacial Internacional (ISS) até fevereiro de 2025, um prolongamento inesperado em relação ao plano original. O retorno da dupla, inicialmente programado para junho deste ano, foi adiado devido a problemas técnicos com a espaçonave Starliner da Boeing, que deveria transportá-los de volta à Terra.
Este prolongamento de missão pode ter implicações significativas para a saúde física e mental dos astronautas. Embora Wilmore e Williams sejam astronautas experientes, com mais de 178 e 322 dias no espaço, respectivamente, a exposição prolongada ao ambiente espacial apresenta desafios únicos. Eles foram originalmente designados para um voo de teste de curta duração e agora terão que lidar com uma estadia que pode se estender por vários meses.
A gravidade quase zero e a radiação espacial são fatores críticos que afetam os astronautas durante suas missões. A microgravidade pode levar à desmineralização óssea, um problema que faz com que os astronautas percam densidade óssea e enfrentem riscos como cálculos renais e alterações na visão. “A exposição à radiação espacial é um fator limitante importante. Ela pode prejudicar o DNA e aumentar o risco de câncer”, explicou Susan Bailey, bióloga de radiação da Universidade Estadual do Colorado, que liderou a pesquisa TWINS sobre os efeitos da radiação no espaço.
Outro desafio significativo é a microgravidade, que pode causar problemas como a perda de densidade óssea e mudanças na visão. A pressão adicional dos fluidos corporais sobre os olhos pode levar à Síndrome Neuro-Ocular Associada ao Voo Espacial (SANS), uma condição que afeta a capacidade de foco e pode ter efeitos duradouros.
Em relação ao bem-estar mental, a ISS oferece um ambiente estruturado com atividades científicas e sociais que ajudam a manter os astronautas engajados e produtivos. A estação conta com reabastecimento regular de água, alimentos e oxigênio, e possui instalações adequadas para garantir a qualidade de vida dos residentes. O atendimento psicológico é apoiado pela integração dos astronautas nas rotinas e responsabilidades contínuas da estação.
“A extensão da missão, apesar de inesperada, é um fardo que Wilmore e Williams podem enfrentar”, afirmou Thomas Reiter, astronauta alemão aposentado que serviu na Mir e na ISS. “Embora eles estejam bem preparados para lidar com as condições espaciais, o prolongamento da missão adiciona um nível de complexidade e incerteza que eles devem gerenciar.”
Com o suporte contínuo das equipes na Terra e a capacidade da ISS de manter um ambiente relativamente estável, a saúde e a segurança dos astronautas são prioridades. Wilmore e Williams, ao final desta missão estendida, passarão por um monitoramento detalhado para avaliar e mitigar os impactos da longa exposição ao espaço.