“Domingo deu uma chuva aqui que a água bateu na cintura. O pessoal está comprando aterro pra aterrar. Eles (poder público) não estão preocupados com as transversais, estão preocupados com a avenida João Paulo, para tirar o alagamento e se livrar. Só que aqui vai ser pior”.
O desabafo é do comerciante Francisco da Silva, antigo morador da área da avenida João Paulo II, no bairro do Curió-Utinga, fustigada pela piora nos alagamentos em decorrência de obras realizadas pela prefeitura de Belém. As comunidades da área já fizeram vários protestos e vão continuar a fazê-los, porque o inverno está chegando e as chuvas estão aí para testar a ineficiência das obras.
Para Jairo Moura, representante comercial, a obra da prefeitura para levantar o leito da avenida, no trecho entre a avenida dr. Freitas e a entrada do Parque do Utinga, não trouxe nenhum benefício para a população. Ele explica: ” a água que vai fazer o escoamento para dentro do Canal de Marte, forma um bolsão, porque o canal está assoreado. Aí, essa água não tem passagem e começa a acumular e como ela não tem para onde descer, ela volta e alaga tudo. Até a João Paulo está alagando”.
As famílias que moram na Passagem Augusta, uma das mais atingidas pelas enchentes, reclamam da entrada de águas fétidas em suas residências. “O canal daqui virou um rio. Ele transborda. Até na igreja onde nos congregamos, os irmãos ficaram com os pés levantados, na reunião, porque a água invadiu o local”.
Moradores das margens do Canal de Marte, onde os alagamentos são constantes, reclamam dos prejuízos. Móveis e eletrodomésticos são danificados com a invasão das águas nas casas. “Nunca passamos por isso. Antes, enchia, mas agora tudo ficou muito pior”, resume outra moradora.
Para a Sesan, as obras na João Paulo estão concluídas, faltando apenas o calçamento das vias. Os alagamento vão continuar porque falta drenagem nos canais do Marte e Ana Deusa. Essas obras, segundo a Sesan, seriam de competência do governo estadual.
O governo do estado, por sua vez, diz que na gestão passada havia um acordo para obras, mas que foi cancelado. E diz que a responsabilidade pelos alagamentos é da prefeitura.
Parece que, diante desse jogo de empurra-empurra, os únicos culpados por tudo são os que vivem na área. Vivem e pagam impostos, mas sem a contrapartida do poder público com obras decentes.
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